*José Vanilson Julião
A última vistoria acontece em outubro de 2014. O tamarindo de pelo menos 200 anos, no Engenho Pau D’Arco (Agreste paraibano), passou por um processo de revitalização pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) na zona rural do município de Sapé.
A preocupação com a recuperação surge a partir do barulho que um funcionário do Memorial Augusto dos Anjos ouviu quando capinava próximo da árvore. “Senti um vento forte e ouvi um estalo. Quando fui olhar o concreto dentro dela havia rachado”, disse Emmanuel Morais à TV Cabo Branco (João Pessoa).
O concreto foi a técnica utilizada na última tentativa de recuperação na década de 80 com orientação de um biólogo, mas está ultrapassada por não acompanhar o desenvolvimento da árvore. Os técnicos da Emater analisaram a árvore e constataram que era preciso realizar uma revitalização para que ela continuasse a crescer sem risco de desabamento.
“Percebemos que ela estava sofrendo ataques de pragas e de doenças, a exemplo do cupim e fungos se desenvolvendo no tronco. Estamos fazendo uma poda de limpeza, aplicação de um produto antifúngico e nos orifícios aplicamos uma técnica com espuma expandida para preencher o buraco e evitar acúmulo de água e consequentemente a proliferação de fungos”, disse Vlaminck Saraiva, diretor técnico da Emater.
O plano também envolvia desassoreamento do ‘lago encantado de Augusto’ e a construção de um tablado e uma ponte ao redor. “A ideia é fazer um tratamento urbanístico da área para preservar tudo. Nos paredões iremos colocar figuras e elementos animados de forma a resgatar a vida do poeta no entorno”, disse a secretária municipal de Administração e Planejamento, Graça Feliciano.
O secretário municipal de Educação, Esporte e Lazer, o engenheiro agrônomo Pedro Paulo e o diretor técnico da Emater, Vlaminck Saraiva, vistoria técnica e interditaram toda área. O secretário executivo de Cultura, Werton da Silva Santos, disse que, além da ação do tempo, a velha árvore estava atacada por formigueiros.
O tamarindo do poeta Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Sapé/PB, 1884 – Leopoldina/MG, 1914) continua resistindo bravamente. Sob a sombra da antiga árvore, o poeta paraibano estudou as lições e escreveu seus primeiros poemas. O Memorial Augusto dos Anjos foi criado em 2006.
O tamarindo é oriundo da savana africana, mas também cultivado na Índia. No Brasil é disseminado pelo Norte/Nordeste. Pode chegar a 25 metros de altura.
NAS GERAIS
O Espaço Augusto dos Anjos foi tombado em Leopoldina-MG pela importância cultural para a cidade. Além do memorial na terra natal a Prefeitura leopoldinense tombou o “Espaço Augusto dos Anjos” (antiga residência do poeta) na Rua Barão de Cotegipe (Centro), surgido em 1983, quando o artista plástico Luiz Raphael Domingues Rosas, alugou a casa para ser atelier e resolve montar um pequeno museu.
Pertences de Augusto dos Anjos foram encontrados na Escola Ribeiro Junqueira ou foram doados pela família. A primeira edição do livro “Eu” (1912), uma peça raríssima, foi doada pelo neto do presidente Carlos Luz. O Espaço ainda abriga peças da história de Leopoldina.
FONTES
G1/PB
Correio da Paraíba
Prefeitura/Leopoldina