*Nadja Lira
Desde os meus tempos de criança ouço as pessoas classificarem o Brasil como um País de terceiro mundo, porém, jamais me explicaram as razões de tal classificação. Hoje, adulta, dona do meu nariz e das minhas próprias opiniões, decifrei a charada, que me atormentou durante muitos anos: O Brasil é um País de terceiro mundo porque não existem países de quarto ou quinto mundo. Algumas situações vistas no Brasil, não deixam dúvidas de que o nosso gigante dorminhoco é realmente um País de terceiro mundo.
Só mesmo em um País de terceiro mundo é possível ver um Presidente que não manda em coisa alguma, embora sendo eleito pelo povo. Onde prefeitos são donos, senhores e proprietários das cidades, assim como os governadores mandam e desmandam em seus estados do jeito que querem e entendem, num completo desrespeito à Carta Magna do País. E o mais grave é que eles contam com a aquiescência do Poder Judiciário.
Em tempos de Pandemia determinada pelo Vírus da China e recolhida dentro de casa pela imposição dos donos do mundo, sobra-me tempo suficiente para refletir. Logo, percebo que em um País de terceiro mundo igual ao Brasil, a Imprensa vale-se do seu poder, para denegrir ou enaltecer a imagem de quem quiser, criar notícias da forma como bem entender e em especial desrespeitar ao Presidente da República sem lhe dar o direito de resposta, regra básica na prática de um jornalismo isento, conforme aprendemos no Curso de Comunicação Social.
Isenção, porém, parece ter se tornado uma palavra inexistente no dicionário dos jornalistas, neste momento em que o mundo inteiro sofre com a praga causada pelo Vírus da China. Jornalistas deixaram de ser guardiões das notícias e se transformam em verdadeiros alarmistas, quando se trata de informar o número de mortos pela doença. Eles estufam o peito, se esmeram na articulação das palavras e os olhos brilham na hora de falar sobre a morte. Fica difícil acreditar naquilo que dizem.
Somente em um País de terceiro mundo alguém pode se sentir feliz em dar uma notícia sobre morte. Vejo que pelo mundo a fora, todos também sofrem as agruras causadas por este vírus letal. Mas existe unidade entre as pessoas. Elas sofrem juntas e procuram juntas uma solução para o problema que aflige a todos.
No Brasil a situação é diferente: A Pandemia se transformou em moeda de troca. O Judiciário tirou toda a responsabilidade do presidente no que se refere aos municípios e Estados, restando a ele apenas encontrar maneiras para enviar dinheiro às localidades. Assim, seus governantes podem adquirir insumos, sem licitação, para combater a doença. Eu não tenho dúvidas: Isto ocorre única e simplesmente porque o País é de terceiro mundo.
No resto do mundo, o Vírus da China está sendo visto como uma forma de melhoria para o ser humano. As pessoas ficam menos egoístas, mais solidárias e apreciam melhor as obras de Deus. No Brasil, por se tratar de um País de terceiro mundo, governantes se unem para tentar destituir do poder, um presidente eleito de forma democrática e contando com mais de 57 milhões de votos. O Vírus da China tem sido um grande aliado para isto.
Valendo-se desse momento de fragilidade da população brasileira, governantes agem igual a ditadores, tirando do povo o seu direito sagrado de ir e vir dentro das suas localidades. No estado do Maranhão, o governador chegou ao ponto de mandar a Polícia Militar retirar de dentro dos transportes coletivos, os cidadãos que vão trabalhar e que não tenham um documento atestando a necessidade do seu serviço.
Notícias publicadas nas redes sociais asseguram que vários políticos estudam formas para limitar a liberdade de expressão e o uso da Internet pelos cidadãos. Especialmente para os que tiverem a ousadia de falar mal dos políticos brasileiros.
Somente em um país de terceiro mundo a Polícia prende um cidadão de bem, pelo simples fato de ele se exercitar à beira-mar, por exemplo. Enquanto isso, a Justiça solta milhares de bandidos perigosos, para que eles sejam isolados contra o Vírus da China. Ora bolas, eles não estavam isolados e protegidos dentro dos presídios?
Só mesmo em um país de terceiro mundo pode-se ver um povo tão pacífico, tão ordeiro e tão ingenuamente submetidos ao sacrifício, igual ao brasileiro está sendo. Pelo andar da carruagem, os donos do mundo dominarão a Terra começando pelo Brasil – um país de terceiro mundo, pelo simples fato de que não existem quarto ou quinto mundo. Oh rapaz, dá uma pena! (NL 10/04/2020)
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa