Nadja Lira
A Pandemia provocada pelo vírus chinês impôs a todos, um novo modismo: O
uso de máscaras. Elas, portanto, se transformaram em mais um adorno na nossa
forma de vestir. As máscaras, na minha opinião, são muito incomodas,
especialmente para quem tem a necessidade de usar óculos, porque elas
embaçam as lentes. As máscaras também criam um distanciamento entre as
pessoas, já que fica mais difícil de se reconhecer as pessoas com as quais
cruzamos e para mim, tem sido uma tortura usá-las.
Embora torturante, o uso delas está transformando a vida das mulheres, que
precisam combiná-las com alguma parte da vestimenta usada. A máscara,
portanto, passou a fazer parte do guarda-roupa feminino e há quem conserve
uma gaveta cheia delas. Uma para cada ocasião.
Sempre imaginei, que máscara fosse um acessório utilizado apenas por
bandidos ou fugitivos, que não queriam ser reconhecidos pelos Homens da Lei.
Tal imagem deve ser fruto das histórias de Cowboys e Mocinhos que eu lia
quando criança.
O uso desse acessório tornou-se obrigatório, porque as autoridades sanitárias
asseguram que seu uso dificulta a transmissão do vírus chinês entre as pessoas.
Mas, não se pode negar que seu uso incomoda. Além de não permitir que você
reconheça as pessoas, ela dificulta a respiração e ainda impede que a gente veja
o sorriso dos outros.
Também é inegável que o uso da máscara dificultou a paquera. Imagine você na
fila do supermercado, da padaria ou da farmácia paquerando uma pessoa. De
repente, ela tira a máscara por alguma razão e você percebe que o sorriso
passeia pela boca de uma pessoa completamente banguela. Ou percebe que a
pessoa paquerada é o namorado da sua melhor amiga. Uma coisa, porém, a
máscara trouxe de bom: Ninguém pode mais se queixar de mau hálito de
ninguém.
Os gregos foram os primeiros a fazer uso das máscaras. Elas eram usadas
durante as festas organizadas em homenagem a Dionísio, o deus do vinho. As
máscaras também eram usadas durante os rituais de fertilidade. Durante estes
eventos, os gregos cantavam, dançavam, embebedavam-se e evocavam o deus
através do uso da máscara. A máscara tinha a função de esconder a identidade
do deus. O adorno também era usado durante as apresentações teatrais. No
teatro, os atores usavam as máscaras, a fim de evitar que incorporassem os
mortos.
Com o passar do tempo, o uso das máscaras foram se popularizando e os
nobres também passaram a usá-las. Assim podiam se misturar ao povo sem que
fossem reconhecidos. Usar máscara, no Carnaval de Veneza, por exemplo,
significa brincar, divertir-se, esbaldar-se no meio da multidão, sem proibições, e
sem prestar contas a quem quer que seja.
Em Veneza, as máscaras não servem apenas como adereços com os quais as
pessoas brincam o Carnaval. Com o passar do tempo, elas se transformaram
em uma atividade rentável para algumas famílias.
No Brasil, as máscaras tornaram-se populares através dos bailes realizados para
homenagear Dom João IV. Depois, as máscaras se tornaram adereços
indispensáveis nos Baile de Máscaras também conhecidos como Bailes à
Fantasias, ou Bals Masqués, eventos tradicionais ambientados nos tradicionais
clubes cariocas, na década de 40.
Em tempos de Pandemia, o torturante uso de máscaras está na moda outra vez.
Com a desculpa de que estamos sendo tratados, as autoridades obrigam a
população ao uso desse acessório desconfortável, cuja falta, em alguns lugares,
pode ensejar no pagamento de uma multa ou recebimento de uma voz de prisão.
São tempos negros e difíceis onde não podemos escolher, sequer, aquilo que
podemos usar.
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa.