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O outono da matriarca

Apegada à cultura como o cão ao osso, ex-secretária extraordinária da cultura do RN em dois governos, czarina potiguar leva rasteira de prefeito de Mossoró que não caiu em sua lábia.

*Franklin Jorge

Notória por se dar costumeiramente ao desplante de confundir Público e Privado, a czarina da cultura potiguar nos últimos 20 anos amarga o peso do ostracismo em sua própria terra, por muitos anos feudo hereditário da Família Rosado- que vem a ser a mais longeva e perniciosa oligarquia da América do Sul. Quase cem anos de poder e privilégios desfrutados de maneira ininterrupta por esse numeroso clã de implacáveis predadores.

Doentiamente apegada ao poder e às benesses que o poder proporciona, em quase oitenta anos de uma vida que daria um romance, no bom e no mau sentido, a filha do ex-governador Dix-sept Rosado não tem merecido do atual prefeito de sua terra natal nenhuma consideração, ou seja, nenhum aporte financeiro ou quaisquer outras concessões ou privilégios que costumam dar carnadura ao seu insaciável apetite quando se trata de manipular recursos do contribuinte e afirmar-se midiaticamente pelo que não é. Uma fraude completa, em todos os sentidos que o léxico comporta.

Preterida em sua ambição e tentativa de receber da Prefeitura de Mossoró um imóvel para a instalação de sua pinacoteca particular, sofreu Isaura Amélia uma grande rasteira: o prefeito de primeira viagem achou por bem apoiar diretamente a pretensão dos artistas locais, sem a intermediação de terceiros. Quis que eles mesmos tivessem e administrassem o seu próprio espaço cultural, sem a ingerência rosadista, sobretudo de uma rosadista que os artistas mossoroenses, por muitos anos perseguidos e vítimas de seu arbítrio, odeiam ou evitam. Me lembro de quando mudei meu domicílio para Mossoró, em 2006, era comum ouvir dos artistas locais que seria melhor manter distância de alguém que tinha o habito de se apropriar de ideias alheias e colocava seus próprios interesses acima dos demais, como uma dessas crianças geniosas e egoístas que querem tudo para si mesmas.

Incapaz de produzir alguma coisa que possa chamar de sua – sequer escreveu sua tese de doutorado supostamente feito na Espanha -, abusou da verba pública para publicar vários livros escritos por outros e assinados por ela. Uma verdadeira biblioteca de títulos forjados por seu doentio desejo de aparecer sempre às custas de outros.

Em 2013, empolgada com a celebração do Dia da Poesia que fizemos na Pinacoteca do Estado, fez-me uma proposta indecente que dá a medida de seu caráter: queria transformar tudo em um livro de capa dura, numa edição de luxo, que assinaríamos a quatro mãos, ela e eu. Recusei na hora, não sem antes expressar minha surpresa com a sua pretensão de passar por escritora, logo ela que evita escrever qualquer coisa que a comprometa. E ela, rosadisticamente, na maior cara de pau, confessou que faria o trabalho de digitação para justificar a co-autoria…

Nada melhor do que um dia atrás do outro e uma noite no meio para alívio de todos esses artistas que por muitos anos viveram humilhados e perseguidos por quem se achava a donatária da cultura potiguar e assim, de cargo em cargo, de governo em governo, ajudou a empurra-la com a barriga para o abismo em que a cultura potiguar se encontra atualmente.

Vade retro, diria o prefeito petista, se soubesse Latim, em livramento dos artistas de Mossoró.