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O último Old Fashion

Quando ele aparece, ágil e gordo, exalando perfumes finos, anima qualquer um que tenha baixa-estima; remanescente de uma época mais gentil, mais cheia de glamour, mais sofisticada. Ou pseudo-sofisticada. Ademan!

*Franklin Jorge

Surgiu Toinho Silveira numa época brilhante e mundana que já começava a embaçar. Novos tempos chegavam, o que se esperaria de um tempo circular. Mas ainda lhe restaria mais duas ou três décadas de ostentação de mocidade em flor para gastar.

Dos últimos amigos de Clodovil, com quem aprendeu para além da arte de desagradar, dele tem algumas histórias curiosas para contar-nos.

Toinho Silveira não nos dá pretexto para desânimos. Como mantem o astral, não sei, 365 dias por ano. Está sempre firme e forte, aqui, a postos, fazendo acontecer. Sonhando suas festas ou eventos que dão uma dobra no tempo.

Ninguém mais prevenido, mais forte e firme, a lutar; abrindo caminhos.

Há, em sua alma, na alma de Toinho, muitas moradas e numa delas a do mágico, do diretor, do realizador, do criador capaz.

Algo que ele tornou em profissão e grife; uma linha de produção.

Surgiu já no começo do declínio de uma época gloriosa, mas se reinventa para se manter ativo. Quando a crônica social dava seus últimos trinados nas figuras de Ibraim Sued e Zózimo Barrozo do Amaral, seu antípoda, nomes nacionais e estendia seus dedos longos em todas as direções. O último grande e influente cronista de uma época no RN, partindo de Mossoró, conquista Natal e adjacências. Um homem chic, apresenta-se trabalhando. Alguém que aprendeu que cavalo não sobe escadas e cães ladram quando a caravana passa.

Sempre pensando alto. A lutar, firme e forte, abrindo caminhos para não estagnar-se. Editando o seu espetáculo da vida.

Não é todo mundo que faz do ganha-pão e do trabalho seu próprio divertimento. Como Ibrahim, que trabalhava se divertindo. Poucos, agora o último dinossauro de uma espécie em franca extinção. Onde ainda há pessoas que curtem desfiles de misses e antigas Rainhas do Rádio.   Um ser a quem encanta – nem sempre – a gentileza. Promover um evento no Ritz, em Londres, em Paris, nos Emirados Árabes etc. Passear em Dubai. Levar o amigo velho a Vila Galé e Porto de Galinhas. Passeá-lo, no Recife, no Shopping Beira-Mar.

Ostentando sua bengala de castão de prata, elegante, reforçada, discreta, em primeiro plano.

Seu melhor – Dar forma ao próprio desejo.

E, como esquecer? Era fatal que proferisse a última sentença do dia. Não esquece que estamos aqui para o trabalho. O trabalho. O trabalho.

Abaixo, sequência de fotografias de Toinho à vontade, ele mesmo em alguns momentos: