*Franklin Jorge
José da Penha, cognominado “valoroso potiguar”, revolucionou em certa época a política do Rio Grande do Norte, ao opor-se á oligarquia Maranhão que devorava os cofres públicos de tal forma que Alberto chegou a criar a primeira lei de incentivo á cultura para repassar recursos a seus irmãos, como Augusto Severo, que vivia nababescamente em Paris às custas do erário.
Nascido em Angicos, terra do poeta Jarbas Martins, era capitão do Exército e amigo e colega do Marechal Deodoro da Fonseca. Homem inteligentíssimo, notável estrategista, por muitos anos o Exército Brasileiro se utilizou de seu Manual de Estrategia. Produziu outros escritos e colaborou na Imprensa de seu tempo, sempre prensando livrar-nos das oligarquias devoradoras.
O povo o amava e via nele uma espécie de redentor. Por isso, mobilizou o estado em torno de uma ideia que fermentou a ponto de por em risco a governabilidade. Era, também, um notável marqueteiro e introduziu na politica do Rio Grande do Norte os comícios, as passeatas, as bandeiras, lenços e galhos verdes de que um parente seu distante, Aluízio Alves, alguns anos depois, se apropriou e tornou uma marca sua.
Cresci ouvindo histórias do Capitão José da Penha, admirado por todos e louvado por sua coragem pessoal e inteligência. Contudo, não era propriamente um político, não entendia a natureza dos homens, mas tinha carisma e conseguiu manter até os momentos finais uma campanha para o governo do estado sem a presença do candidato, que morava era filho do Presidente, seu amigo, morava no Rio e era casado com uma norte-riograndense. Faltando uma ou duas semanas para o pleito, o candidato, sem nunca ter vindo ao nosso estado, declinou da candidatura através de um seco telegrama no qual explica sua desistência. Curioso é que, apesar de sua ausência, o povo acreditava piamente nessa candidatura e se dispunha a eleger um desconhecido referendado por José da Penha.
Nada tenho a acrescentar á sua biografia, pois não sou historiador nem pesquisador de sua vida aventurosa e, sem duvida, heroica, mas devo dizer que quem melhor escreveu sobre ele foi o próprio Aluizio Alves, em conferência no Instituto Histórico e Geográfico, publicada depois em plaquete com fraquíssima apresentação de Alvamar Furtado de Mendonça, que nada tinha a dizer sobre o perfilado ou acrescentar aos seus feitos extraordinários. José da Penha era deputado pelo Ceará e teve morte heroica e misteriosa, ao enfrentar revoltosos a pedido do governador daquele estado. Está a exigir-nos uma biografia digna de seu nome.