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O vampiro da Capitania

Fundador de Navegos relata fato ocorrido recentemente e nos propõe um enigma ao final do artigo. Decifra?

*Franklin Jorge

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[1]

Um amigo se deu ao trabalho de enviar-me três textos sem declinar autoria; queria que eu não perdesse de vista a produção intelectual de nossos prolíficos beletristas provincianos. Queria que pelo estilo – ou a falta dele – chegasse eu à autoria dessa incongruente colcha de retalhos de ideias alheias e emprestadas. Verdadeiro samba-do-crioulo-doido a aturdir-nos com ideias mal digeridas. Confusas. Mal decodificadas.

Logo supus tratar-se de um pernóstico ou alguém que se jacta de seu disfarce de intelectual que em matéria de reserva cultural não tem no umbigo o que um periquito roa, como se diz no litoral. Um verdadeiro ‘’boneco de Olinda’’ a cobrir-se com o Capelo acadêmico, enfeite da vaidade e do ridículo que acompanham sumidades de foro privilegiado que se jactam de serem espertos.

Um desses tipos manjados que usam o sovaco à guisa de biblioteca. O tipo do diplomado que não releu, senão, talvez, a grade curricular e algumas obras complementares, sugeridas por ‘’mestres doutores’,’ perfeitamente reconhecidos e aplaudidos pela militância alienada e servil.

Por sua falta de estilo ou por escrever no estilo comum de todo mundo, parece pertencer ao plantel de alguma publicação supérflua. Reduzida ao que é, inexoravelmente. Jornais velhos. Dormidos. Desatualizados pela edição do dia.

 

[2]

O articulista, por abusar de ideias feitas, parece até pós-doutor em literatura comparada. Falta-lhe sem dúvida um mínimo traquejo com a leitura e o manuseio de livros que pudessem supri-lo de alguma coisa em suas necessidades gritantes de conhecimentos e intimidade com uma matéria que não lhe parece familiar. De fato, a literatura não é a praia desse mestre-escola autoconfiante, engenhoso e cheio de tretas, sempre a patinar no marasmo. Mais um expoente do estilo enfadonho, viciante e servil. Alguém que espera a segunda-feira para receber o viático de um elogio capaz de embromar a ‘Chefia’ impenitente que se crê uma referência laboriosamente elaborada para iludir incautos. Talvez o prejudique o uso continuo e sistemático de maconha estragada.

Propagador do providencial Método CC – Copiou/Colocou -, falta-lhe, entanto, aparentemente, discernimento, para costurar sem deixar pontas em riste. Aos poucos, avultam os pés de barro providos de negras garras de pavão, como uma feroz e insofismável assinatura que há de pesar sempre como um incômodo vociferante. Mesmo assim, ainda lhe falta pachorra para nos convencer de tantos argumentos que acabam por invalidar o mérito. Em sequência, um curioso desafio.  Sentimos quanto há de falso ou convencional nesse incongruente sarapatel literário.

 

[3]

Lidos os Primeiros Parágrafos de cada um dos três textos enviados, sem assinatura, pois, em seu escrutínio, devia estabelecer a autoria omitida. Logo, de relance, percebi que a mesma pessoa escrevera os três artigos para que todos notassem quando se considera importante, como intelectual notório e diplomado, provavelmente da nova safra de imortais que perdeu o acanhamento e já distribui prodigamente suas pérolas à esquerda e à direita.

Não declino nomes.

Desafio o leitor a fazê-lo.