*Gustavo Abrahão
Em janeiro, a ressaca de Natal é certa. Comemos as sobras das festas, e somos iluminados por luzes de Natal. Em janeiro, ainda vemos o clima de dezembro, que só se vai com o carnaval. Brasil pega no tranco, somente lá para março e abril, que é quanto podemos dizer Feliz Ano Novo, quando realmente o novo aparece; enquanto isso ninguém esquece o ano anterior.
Boletos, prestações e cartões de crédito serão pagos com muita alegria em clima alegórico do novo bloco, inadimplentes com orgulho, concorrendo com o melhor jargão: “pago quando puder”. Claro, em ritmo baiano tudo fica mais fácil, se o clima esquentar: “Olha a água mineral”.
Até aí vamos levando as crises do ano, gasolina assaltando os outros, o álcool divertindo o povo, e a nada mole vida de um Brasil firme, que está com gripe, que vacina nenhuma teima em curar. Lá se vai meu primo para vala, trabalhou para nada. Ele dizia que a vida é um sopro, mas está mais para espirro, que surto de gripe teima em ficar. Panetone na promoção, leve três no preço de quatro. Árvores de Natal agora não passam de suvenir gigante do polo Norte. Luzes já estão na sacola para o Natal do ano que vem, se tudo der certo. Assim seguimos em carnaval fora de época, dança da bundinha, academia e novos hits do verão. Mas para os leitores mais espertos, não gastem toda energia no carnaval, esse ano teremos copa do mundo, onde o Brasil e o mundo mostrarão seu festival.