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Panorama fotográfico das produções de Bayreuth, 2 de 2

Um panorama das produções bayreuthianas desde 1876, ano de sua inauguração, até 2023. A panorâmica cobre várias produções, nessa segunda parte, a Bayreuth de Katharina Wagner.

*Alexsandro Alves

[email protected]

 

A primeira parte desse artigo você encontra aqui.

A última produção da era Wolfgang Wagner foi o Parsifal, de Stefan Heiheim, de 2008. Aqui, o polêmico diretor conta a história política da Alemanha a partir da casa Wahnfried. Wahnfried, do alemão paz da consciência, é o nome dado por Wagner para sua residência em Bayreuth.

Por essa casa, passaram nomes de ponta da política alemã. Prefeitos, governadores, Kaisers e o Führer cearam com os Wagners enquanto misturavam suas concepções estéticas com o futuro político alemão.

Sempre fora um desejo de Wagner unir sua estética a um futuro glorioso alemão. Suas tentativas de cooptar Bismarck foram todas sem sucesso, mas quando o general de ferro venceu a França em 1876, Wagner disse: o Anel estreia esse ano, ano da nossa unificação!”.

Durante a década de 20, um jovem desconhecido, mas ambicioso, inicia uma amizade estreita e íntima com Siegfried e Winifred Wagner. Ansiava ser pintor, mas acabou sendo político.

Assim como os Wagners, via com desconfiança a República de Weimar e acreditava que o destino alemão residia, misticamente e profeticamente, nos dramas musicais wagnerianos.

Quando fundou o Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, declarou: para se compreender o que é a Alemanha e o que é esse partido, precisa-se compreender as obras de Wagner.

É esse passado sinistro que Heiheim desvela no palco da Casa dos Festivais.

As fotos.

Parsifal, 2008, ato I, ao fundo, Wahnfried

 

A valquíria Germânia, de von Kaulbach, essa pintura aparece em alguns momentos do ato I

 

O Amfortas, semelhante a Cristo, da produção de Herheim

 

Ato I

 

Ato II, início

 

Klingsor, ato II

 

Ato II, final

 

Ato III, Wahnfried bombardeada

 

Parte do ato III se passa no Bundestag

 

Em 2008, Wolfgang se retira de cena. Já com 89 anos, passa a direção da Casa para suas duas filhas, Eva e Katharina. As duas permanecem até 2015, quando atritos entre as irmãs termina com a saída de Eva da gestão.

 

Senhorita Katharina Wagner

A era Katharina Wagner é polêmica. Sua primeira criação para Bayreuth foi em 2007 quando seu pai era o diretor presidente. Um Mestres cantores de Nuremberg que foi amplamente vaiado na estreia e durante todos os anos em que esteve em cartaz. Se com Parsifal, Herheim lançava certas verdades incômodas contra os Wagners – e contra a Alemanha de forma geral, em seu Mestres cantores, Katharina desafia a audiência do Festival.

Sua produção zomba do conservadorismo do público, culpa a família, sobretudo Richard e Cosima, pelo reacionarismo estético e ainda desqualifica o casal de heróis, Walther e Eva, como pequenos burgueses mais interessados em dinheiro do que em arte. Sua provocação ecoou ainda enquanto a cortina descia, sob vaias de um público que não gostou da análise política feita pela estreante, Katharina ainda colocou em cena estátuas do escultor nazista Arno Breker!

A petrificação do gosto reacionário do público assumia a representação de um homem armado, numa simbiose invulgar entre o discurso final de Hans Sachs com o mito de Pigmaleão e Galateia.

As fotos.

Cena do ato I, os personagens Beckmesser e Walther, sobre a mesa

 

Cena do ato III, Hans Sachs pensando

 

Cena do ato III, Hans Sachs e bonecos caricaturais de mestres alemães, Wagner é o primeiro à esquerda, de boina

 

Escultura de Breker usada por Katharina

 

Em 2013, Frank Castorf, dramaturgo brechtiano, é convidado por Katharina para um Anel. Mas não um Anel qualquer: 2013 foi o ano de bicentenário de Richard Wagner. A proposta de Castorf foi inserir a história do Anel no mundo da guerra fria entre EUA e URSS.

As fotos.

 

Cena do ato I de Siegfried, 2013, de Castorf

 

Crepúsculo dos deuses, prólogo, 2013, de Castorf

As produções de Bayreuth sob a gestão de Katharina têm se aproximado cada vez mais do pós-dramático, sobretudo quando ela dirige e também, no supracitado Anel, de Castorf.

Entre as melhores produções desse período recente, encontram-se o Tristão e Isolda, de Katharina, de 2015; o Parsifal, de Uwe Eric Laufenberg, de 2016; os Mestres cantores, de Barrie Kosky, de 2017; o Lohengrin, de Yuval Sharon, de 2018; o Tannhäuser, de Tobias Kratzer, de 2019;  e O navio fantasma, de Dmitri Tcherniakov, de 2021.

As fotos.

Tristan e Isolda, 2015

 

Ato I

 

Cena do ato II, de azul, Tristão e Isolda

 

Ato III, final

 

Parsifal, 2016

A cena do Graal

 

Parsifal e as meninas-flores

 

Os mestres cantores, de 2017

 

Cena do ato I

 

Outro momento do ato I

 

E outro momento do ato I

 

Lohengrin, de 2018

 

Ato I

 

Cena do ato III

 

Tannhäuser, de 2019

 

Cena do ato I

 

– Que “fechação” é essa, “mona”? – Descubra no dvd da ópera, “bofe”

 

Cena do ato I

 

O navio fantasma, de 2021

 

Cena do ato II

 

Cena do ato III

 

Cena do ato III