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Parem o mundo que quero descer

Professora analisa os preceitos religiosos que ensinam aos cristãos o amor ao próximo e a dificuldade de estender esse amor à classe política brasileira

Nadja Lira

Nasci em uma família católica, fui educada sob os preceitos bíblicos e pratico até hoje dos ensinamentos cristãos que me foram repassados durante a infância. Aprendi com meus pais e meus avós, que Deus criou um mundo perfeito e nele colocou sua maior criação: o homem. A esta criação divina, Deus deixou 10 mandamentos para serem seguidos. Contudo, Ele pensou, que seria difícil para o homem cumprir todos os mandamentos e assim, resumiu os dez em dois – Amar a Deus sobre as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Hoje, quando penso nesses dois mandamentos, vejo que eles não são nada fáceis de cumprir, porque amar a Deus sobre todas as coisas implica em uma fé profunda, coisa que boa parte das pessoas não tem. Implica ainda em acreditar e confiar em alguém a quem não se vê. Mais difícil ainda é amar ao próximo como a si mesmo. Esse é um grande desafio que é imposto aos seres humanos no mundo atual.

As pessoas, na atualidade perderam a capacidade de amar e respeitar o próximo. Desconfia-se de tudo e de todos, porque não é nada fácil amar ao próximo que se esconde numa rua escura para roubar um celular comprado em 12 prestações. Também não é nada fácil amar ao próximo que mente, engana e procura tirar vantagem em qualquer situação na qual a fragilidade do outro é visível.

Jamais se ouviu dizer que um jumento, um elefante ou uma zebra se escondeu numa esquina para esperar seu semelhante passar e dar-lhe uma fachada na barriga. Esta é uma prática única e exclusiva dos seres humanos, que deveriam se amar, seguindo os ensinamentos de Cristo.

Fica muito difícil, por exemplo, amar a classe política desse meu Brasil lindo e trigueiro, que apenas se valem dos cargos que ocupam, para vilipendiar o povo que os elegeu. Não dá para amar e respeitar políticos que abraçam e beijam criancinhas apenas em época de eleição, visando angariar os votos com os quais serão eleitos.

Em tempos de eleição, eles chegam descaradamente, apertam mãos, conversam, participam de aniversários, batizados, casamentos, velórios, enterros, missa de sétimo dia, mesmo sem serem convidados. Político é um ser que, sorrateiramente faz de tudo para torna-se íntimo das pessoas, fazem promessas até saberem o resultado das eleições. Eleitos ou não desapareceram, deixando a população amargando uma série de problemas, cuja solução é responsabilidade deles.

Não consigo entender como é que depois de tantos desmandos, ainda existem pessoas capazes de acreditar que Lula-ba-bá não é culpado das denúncias pelas quais ficou preso em Curitiba.

Mas se alguém não foi capaz de ver o sítio de Atibaia e o tríplex em Guarujá, tampouco vai se interessar em ler as provas coletadas contra ele e que figuram no processo com mais de três mil evidências.

Estas evidências, conforme é amplamente divulgado pela Imprensa Nacional, apontam que a alma mais honesta do mundo recebeu mais de 80 milhões de reais da Petrobrás. Porém, é mais fácil gritar Lula Livre do que apurar os fatos e constatar que ele é o maior ladrão jamais visto na história desse País.

É demais para a minha cabeça entender o funcionamento das leis brasileiras: Não compreendo como é que uma pessoa condenada a 30 anos de prisão é colocada em liberdade depois de passar pouco mais de um ano atrás das grades, como acontece agora com o Lularápio.

Também não dá para entender e aceitar a razão pela qual ele recebe tantas regalias depois de ter roubado tanto dinheiro da nação. Parecem existir dois Brasis dentro desta minha pátria amada, mãe gentil com dois tipos de Justiça: uma para os ladrões mequetrefes e outra para aqueles que são chamados de excelência. Diante de tanta incoerência, só me resta pedir: por favor, parem o mundo que eu quero descer.

Nadja Lira  – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

O grito, 1895. Edvard Munch