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Petrarca Maranhão autoral

Colaborador de Navegos continua a garimpar a atividade intelectual e criativa de um espirito inquieto e participativo que por uns tempos viveu em Natal

*José Vanilson Julião

[email protected]

O amazonense Petrarca Maranhão começa colaborando no suplemento “Álbum de Poesias” (coletânea de 117 páginas) da revista carioca “O Malho”.

Prossegue primeiro com ensaio de críticas (prefácio de Afrânio Peixoto), mas a carreira efetivamente é retomada quando encerra a temporada potiguar e retorna ao Rio de Janeiro. Segue com poemas, trovas, pensamentos e crônicas.

O ex-deputado federal pelo Amazonas e Pará, Paulo de Meneses Bentes (Manaus, 1908 – Rio de Janeiro, 1979), publica o perfil literário dele.

Bentes além de político foi advogado, engenheiro agrônomo e jornalista. Sendo fundador das academias de Letras do Acre e do Rio.

O blogueiro mineiro de Ervália e radicado no Rio, Ivo do Nascimento Barroso, editor-adjunto do suplemento literário do “Jornal do Brasil” e da revista “Senhor”, na postagem “Os poetas esquecidos” (15/3/2014) o relaciona ao lado de Segundo Wanderley (1860 – 1909), “poeta abolicionista, que escreveu incrível soneto “Amor de Filha”, dedicado a Pedro Avelino, personagem que dá nome a cidade do RN, mas sobre o qual ainda não consegui nenhum dado”. Além de Pretexto da Silveira, Agnelo Rodrigues de Melo (alagoano), Egas Muniz Barreto de Aragão (baiano), entre outros…

Para situar o leitor sobre os próximos artigos segue ligeira lista da produção intelectual. E exemplos da poesia petrarqueana.

 

OBRAS

O “Turbilhão” (1936/Alba)

“Miniaturas” (1944/Pongetti)

“Lago Azul” (1948/Coleção Poesia Viva)

“Filigranas” (1948/Coleção Poesia Viva)

“História do Brasil” (1950/Dois Irmãos)

“Os Albuquerque Maranhão” (1954/JC)

“Cristais em Cores” (1955/JC)

“Sonetos” (1955/JC)

“Ronda de Estrelas” (1955/Editora Vecchi)

“Jardim Secreto” (1960/São José)

“Jardim Suspenso” (1960/São José)

“Os Advogados do Diabo” (1961/Pongetti)

“O Rio Amazonas” (1961/São José)

“Ouro e Cinza” (1962/Livraria Santana)

“Sonetos Petrarqueanos” (1965/Pongetti)

“Samburá de Urtigas”

“Samburá de Rosas”

 

OS POMBOS-CORREIOS

Asas livres no espaço azul e cristalino,

Vai-se por céus afora, esplêndida e harmoniosa,

A avezinha fagueira, alígera e formosa

Que exalta com fervor meu verso alexandrino.

 

Aos primeiros clarões da ante-manhã radiosa,

Através do ar ameno e o orvalho matutino,

Vão-se os pombos em vôo, rumo a incerto destino

Pela vasta amplidão da terra dadivosa…

 

Não lhes falta, porém, a bela vocação

De volver ao pombal com firme orientação…

E por longa que seja a rota da viagem,

 

Nunca um pombo-correio acaso já deixou

De cumprir a missão que o homem lhe confiou,

Trazendo, atada aos pés, esperada mensagem…

 

A LEI DA VIDA

Todos nós temos sempre em cada dia,

Uma ínfima dose de ventura:

Para cada minuto de alegria,

Outros tantos instantes de amargura . . .

 

Se, acaso, alguns momentos de euforia

Fazem da vida um sonho de ventura,

Logo uma sombra má nos angustia,

Nos  vem turbar aquela paz tão pura . . .

 

Afinal, não se sabe por que lei

E por que inexorável fatalismo

Hão de andar, lado a lado, riso e pranto!

 

Eu também – ai de mim! – de nada sei . . .

Sei que me curvo ao meu determinismo,

Vivendo entre a ilusão . . . e o desencanto!

 

SAUDADES DO AMAZONAS

Desde que te deixei, ó terra minha,

Jamais pairou em mim consolação,

Porque, se eu longe tinha o coração,

Perto de ti minh’alma se mantinha.

 

Em êxtase minh’alma se avizinha

De ti, todos os dias, com emoção,

Vivendo apenas dentro da ilusão

De voltar, tal qual vive quando vinha.

 

Assim, minh’alma vive amargurada

Sem que eu a veja em ti bem restaurada

Das comoções que teve em outras zonas,

 

Mas para torná-las em felicidade,

É preciso matar toda a saudade,

Fazendo-me voltar ao Amazonas!

 

O REI DOS RIOS

(À Laura da Cunha Mello Maranhão, minha Mãe)

 

Vem de longe o Amazonas, o gigante

caudaloso, feliz, tentacular,

maior que o Mississippi e que o possante

rio Nilo, de glória milenar…

 

Do Telhado do Mundo, ele, insinuante,

desliza da montanha, a ultrapassar

vales, terras, florestas, sempre avante,

rumando na distância, para o mar…

 

Busca o estuário, em que deve, finalmente,

arremessar, violento, inquietas águas,

num lance magistral, largo e imponente…

 

A tudo vence, como um herói romântico:

rompe diques, barragens, pedras, fráguas,

projetando-se, olímpico, no Atlântico!…

 

FONTES

Antonio Miranda

Cultura Genial

Dom Severino

Estante Virtual

Falando de Trovas

Flávio Santos Leilões

Gaveta do Ivo

Mercado Livre

Portal do Cordel