*José Vanilson julião
Após participar da vida social natalense nos intervalos dos afazeres profissionais e burocráticos, pelo menos sete anos na provinciana capital, o procurador regional da República, Petrarca Maranhão, logo após retornar ao Rio recomeça a escrever artigos para a revista carioca “Dom Casmurro”.
Anteriormente a nona edição acusa o recebimento do livro “Turbilhão” (julho/1937) escrito pelo nosso personagem. Um dos artigos é inserido na edição 345 (23/3/1944). Com o título “Figuras continentais” relaciona em pequenas biografias personalidades nacionais e estrangeiras.
Não necessariamente nesta ordem: os brasileiros Afrânio de Melo Franco, o gaúcho Osvaldo Euclides de Souza Aranha (lobista pela criação do estado isralense), José Maria da Silva Paranhos (O barão do Rio Branco), o norte-americano Cordel Hull (1871 – 1955) e o argentino Carlos Saavedra Lamas (1878 – 1959), ambos Prêmio Nobel da Paz, respectivamente 45 e 36.
No mesmo ano (15/4) comenta em “Letras Amazonenses” a história literária do estado natal. Cita que o próprio interventor federal Álvaro Maia “é um brilhante manejador do verso e da prosa e um intelectual completo”. Na crítica relaciona Periques Morais, autor de “Legendas e águas fortes”; cita o jornalista e escritor Hamilton Barata, Adriano Jorge (presidente da Academia de Letras local).
Na poesia destaca Violeta Branca Menescal de Vasconcelos – autora de “Ritmos de perpétua alegria” e “Festa da Vida” -; João de Albuquerque Maranhão, no dizer dele “o cantor dos poetas amazônicos”, autor da coletânea “Na selva e no sonho”, “livro da mocidade escrito dentro das florestas do Acre.” E que merece um capítulo a parte, pois se trata do pai do articulista.
A lista continua com Vicente Reis, o mais antigo e respeitável jornalista amazonense, diretor do “Jornal do Commercio”; Aristófanes Antony, Ramaiana de Chevalier, Cláudio de Araújo Lima (autor de “Babel”), Aluízio Barata e Mercedes da Silveira.
1/9/1945: resenha “Dois livros de Renato Mendonça”. Trata-se do consul brasileiro no México. Um deles: “História da Política Exterior do Brasil” (do período colonial até 1825 no primeiro tomo). 15/9: comenta “Faustino Nascimento e a poesia americanista.” 29/9: “Palestra em torno de poetas” (o baiano Pereira Reis Júnior, José Guilherme de Araújo Jorge, Leopoldo Braga e Dirceu Quintanilha).
A última colaboração encontrada, no último ano de circulação de “Dom Casmurro” (9/3/1946): – Eça de Queiroz e Manuel Bernardes na pena de Celso Vieira.
NOTA DO REDATOR: Nos próximos artigos “Dom Casmurro” (A revista. Não o personagem machadiano), carreira literária do personagem central, a origem nordestina (Pernambuco e Rio Grande do Norte) e os notáveis da intelectualidade potiguar relacionados pelo escritor amazonense.