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Petrarca Maranhão na Manchete

Colaborador de Navegos faz revelações curiosas sobre o objeto de sua minuciosa e curiosa pesquisa e chama a atenção do leitor para curiosa personagem da nossa cultura.

*José Vanilson Julião

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Com o fechamento das antigas e tradicionais publicações Dom Casmurro (1937 – 1946), O Malho (1902 – 1953) e Revista da Semana (1900 – 1959) ao que parece Petrarca Maranhão perde o costumeiro espaço na imprensa.

Após o hiato o nome continua em evidência no meio intelectual. Sendo mencionado pela primeira vez na semanal Manchete (886 – 23/11/1968), fundada pelo gráfico ucraniano Adolpho Bloch (1908 – 1995) 16 anos antes.

Em duas páginas o escritor potiguar Homero Homem de Siqueira Cavalcanti (1921 – 1991), nascido no Engenho Catú (Canguaretama), trata da candidatura de Lêdo Ivo (Maceió, 1924 – Sevilha, 2012) à Academia de Letras.

Disputa a vaga com o falecimento do pernambucano Manuel Carneiro de Sousa Bandeira (Recife, 1886 – Rio de Janeiro, 1968). O opositor o romancista mineiro Cyro Versiani dos Anjos (Montes Claros, 1906 – Rio, 1994).

O título hilário faz trocadilho do popular, um poema do candidato, outro do recifense, e a postulação da cadeira: – Lêdo Ivo viu a vaga… E relaciona obras poéticas e prosa entremeadas pela biografia do alagoano.

Além das intimidades para com Bandeira aparece o Maranhão: … Poucos sabem que Lêdo Ivo possui velho carro, Opel Kapitan verde, 1954. Tem também uma cachorra, fox-terrier com vira-lata, que atende pelo comprido nome de Júlia Salgado de Mendonça, roedora de livros…

O “super homem” ou “super agá” – pela duplicidade no batismo – continua: – Os vates que enviam livros com dedicatória que se preparem para o pior. Júlia Salgado de Mendonça foi presente de Petrarca Maranhão, candidato assíduo às vagas da Academia.

Se não tinha coluna na publicação rival O Cruzeiro, do jornalista paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, Petrarca passou a ser costumeiro autor de cartas para a sessão “O Leitor em Manchete”. São cinco participações esparsas.

A primeira (1.006 – 31/7/1971): “A Adolpho Bloch, paradigma da moderna imprensa brasileira, pelo número 1.000 da modelar revista, que como Pelé com seus gols assinalou o marco milionário, cumprimentos em nome do Círculo Brasileiro de Trovadores e no meu próprio nome. Petrarca Maranhão, presidente.” (negrito da revista)

Outras elogiam reportagens: o filme “E o Vento Levou…”; abertura do “Teatro Adolfo Bloch” (com “O Homem de La Mancha”), “O Clã dos Vargas” (edição 1.087) e evocação do jornalista cearense Raimundo Magalhães Júnior (1907 – 1981) pelos 150 anos da Independência (como presidente do Centro de Estudos Históricos);

Ainda: “O Fim dos Transatlânticos” (1.109), mas lamenta a não reprodução em cores do quadro do amazonense Manuel Santiago, “Flor do Igarapé” (original na Pinacoteca de Londres), imagem inserida em reportagem sobre pintura acadêmica.

A última (1.162) sugere reportagem sobre o general gaúcho Isidoro Dia Lopes (1865 – 1949), líder da rebelião paulista (1924) no governo do mineiro Artur da Silva Bernardes (1875 – 1955), na então cinquentenária precursora da Revolução Liberal (1930), pois se fala muito na revolta dos “18 do Forte” (1922), enquanto aquela é relegada.