*José Vanilson Julião
Na mocidade os afazeres influem – primeiro com os estudos do Direito e segundo pelo trabalho burocrático como procurador no Rio Grande do Norte – na tímida colaboração na imprensa carioca e na potiguar. De concreto publicações esparsas de poesias e artigos.
Como a trova sobre a passagem do dirigível alemão pelo Rio de Janeiro. E o artigo em que detalha a intelectualidade em Natal publicada na revista semanal “Dom Casmurro”, responsável por detonar esta série sobre o poeta e escritor amazonense Petrarca Maranhão.
Ou o registro da atividade na columbofilia (criação de pombo-correio) no jornal natalense “A Ordem”. Nada mais no diário vespertino católico. Porém, no também vespertino “O Diário”, que ainda não pertencia a cadeia do consórcio Associado, encontra-se um segundo artigo.
Diferentemente do primeiro, transcrito integralmente pelo “Navegos” pelo ineditismo, o repórter decide não fazê-lo com este e pontuá-lo conforme publicado na edição da quinta-feira, 3/2/1943. Em três colunas e 24 parágrafos.
“Figuras notáveis” é cheio de loas e elogios merecidos aos personagens de atividades diversas focados e conhecidos nacionalmente (assim se espera). Inclusive com citações em latim. Apesar da importância na história.
Além de que o leitor, se não conhecer detalhes, pode obtê-los numa rápida consulta pela internet. São citados o historiador José Francisco da Rocha Pombo (1857-1933), o jornalista e escritor Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (1866 – 1909), o romancista Raul Pompéia (1863 – 1895) e o magistrado Cunha Melo.
Assim começa o futuro livro (assim é explicado entre parênteses no final): – Entre a infinidade de grandes nomes das nossas Histórias entre os quais se encontram os que procedem das atividades políticas, científicas, literárias, industriais, financeiras e sociais, vamos destacar quatro afim os perfis em longas pinceladas despretensiosas e simples, fazendo como que o bosquejo de seu retrato…
Para o primeiro é incisivo: – No mare magnum (referência ao Mediterrâneo) das letras pátrias, na árdua profissão caracterizada pela ilusão literária uma figura se impõe: Rocha Pombo. Trabalhou uma existência inteira, empregando-a toda em escrever a História do Brasil. (negritos originais).
O ombreia com o poeta Casimiro José Marques de Abreu (1839 – 1860), o diplomata Francisco Adolfo de Varnhagen (1816 – 1878), Augusto Tavares de Lira (Macaíba, 1872 – Rio de Janeiro, 1958), Basílio de Magalhães (1874 – 1957), Rodolfo Augusto de Amorim Garcia (Ceará-Mirim, 1873 – Rio de Janeiro, 1949 e Tobias do Rego Monteiro (Natal, 1866 – Petrópolis, 1952) e Pedro Calmon Moniz de Bittencourt (1902 – 1985), na ocasião um jovem em franca atividade de pesquisador. – Construiu um monumento maciço, estável, inteiriço e homogêneo.
Sobre o autor de “Os Sertões”: – Ninguém como Euclides estudou e descreveu nosso sertão, interpretando o estilo da gleba. Seu estigo, segundo Coelho Neto, parecia ser o de quem escrevia com o cipó, é o retrato de seu temperamento torturado e nervoso… Não houve quem melhor escrevesse sobre a Amazonia, o seu clima caluniado e o homem da região.
Do terceiro: – Tragicamente desaparecido tal como se verificou com Silva Jardim, soterrando-se nas lavas do Vesúvio. Raul de Leoni foi o maior escritor filósofo. Suas “Canções sem metro” são poemas filosóficos dignos de um Omar Khayyam (Pérsia, 1048 – 1131) ou Rabindranath Tagore (Índia, 1861 – 1941), apenas com um feitio próprio de utilíssima inspiração e penetração lírica. A obra psicológica “O Atheneu” é inimitável.
O último é sintomático. Trata-se de um parente de Petrarca Maranhão, cujo detalhamento fica para a sequência. “Figura notável da magistratura. Começa na instrução pública. Juiz federal no Amazonas e Pernambuco. Alma bondosa, espírito metódico, rigoroso, austero, chegou ao Supremo Tribunal Federal (parece até os ministros nanicos de hoje)…