*Franklin Jorge
Li com surpresa que Jarbas Martins se aproxima dos 80 anos, idade provecta que atesta o quanto viveu na terra dos homens. Único bardo que nos deu a árida terra angicana, compôs uma obra sucinta e impressiva que certamente coloca o seu nome entre os nossos melhores criadores – aqueles mais pessoais e dotados de sotaque próprio.
Nunca imaginei que algum dia escreveria tais linhas em louvor de sua personalíssima escrita que bem exprime a parcimônia sertaneja, feita mais de menos do que de mais, para o gáudio de leitores que preferem o minimalismo à profusão. Nele, tudo é exato e necessário, como em João Cabral de Mello Neto, embora ambos tenham trilhado caminhos diversos.
Cheguei a pensar certa vez que ele estaria talhado para escrever meu epitáfio, parcimonioso e um tanto jocoso segundo o tom que o caracteriza, sobretudo, em sua conversa de homem inteligente que soube extrair o melhor de suas leituras.
Como poucos entre nós, possui algo de seu, particularmente seu, como dizer o máximo usando do mínimo. a estas singelas palavras poderia acrescentar sem nenhum pudor que ele há de durar mais, muito mais que a serra do Cabugi à sombra da qual nasceu e se criou.