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Poeta quase octogenário

Bardo angicano comemora prosaicamente seus 77 anos de vida bebendo café, bebida que Madame de Sévigné preconizou não ter nenhum futuro, como os demais modismos que avassalavam Versailles.

*Franklin Jorge

Li com surpresa que Jarbas Martins se aproxima dos 80 anos, idade provecta que atesta o quanto viveu na terra dos homens. Único bardo que nos deu a árida terra angicana, compôs uma obra sucinta e impressiva que certamente coloca o seu nome entre os nossos melhores criadores – aqueles mais pessoais e dotados de sotaque próprio.

Nunca imaginei que algum dia escreveria tais linhas em louvor de sua personalíssima escrita que bem exprime a parcimônia sertaneja, feita mais de menos do que de mais, para o gáudio de leitores que preferem o minimalismo à profusão. Nele, tudo é exato e necessário, como em João Cabral de Mello Neto, embora ambos tenham trilhado caminhos diversos.

Cheguei a pensar certa vez que ele estaria talhado para escrever meu epitáfio, parcimonioso e um tanto jocoso segundo o tom que o  caracteriza, sobretudo, em sua conversa de homem inteligente que soube extrair o melhor de suas leituras.

Como poucos entre nós, possui algo de seu, particularmente seu, como dizer o máximo usando do mínimo. a estas singelas palavras poderia acrescentar sem nenhum pudor que ele há de durar mais, muito mais que a serra do Cabugi à sombra da qual nasceu e se criou.