*Nadja Lira
Natal – Cidade do Sol – berço de Câmara Cascudo e orgulho do povo potiguar, também conhecida como Cidade Trampolim da Vitória, em virtude da importância do seu papel desempenhado na Segunda Guerra Mundial, está mergulhada no mais profundo abandono: as ruas se encontram sujas, e os buracos tomam conta de todos os espaços, tornando difícil o tráfego de veículos e de pedestres onde quer que se vá. E não me venham com a desculpa da Pandemia, porque este cenário é antigo.
O número de transportes que trafegam pelas ruas cresce de maneira assustadora, mas as alternativas para organizar o trânsito seguem pela contramão e como resultado, os congestionamentos são inevitáveis. Por enquanto, a única medida adotada pelo poder público para solucionar o problema, se resume ao fechamento de alguns canteiros nas avenidas onde a movimentação é mais intensa. Enquanto isso, os vereadores que foram eleitos para representar o povo, nada fazem para minimizar esses problemas que afligem a população potiguar. Se existe algum projeto para dar cabo à buraqueira e agilizar o trânsito da cidade ninguém tem conhecimento. Aliás, o trabalho dos vereadores potiguares se limita a enviar telegramas de pêsames e mudar nomes das ruas.
No bairro onde eu moro, por exemplo, qualquer forasteiro se perde com a maior facilidade, porque até o nome das ruas existentes nas placas foram apagadas pelo tempo. Percebemos que nossos vereadores, assim como boa parte dos políticos que têm assento na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa são de outros estados. Isto mostra que o velho ditado está certo: Santo de casa não faz milagre. E os Santos de casa não fazem nada para merecer os votos que recebem, já que a maioria entra e sai dos seus postos sem apresentar um único projeto para melhorar a vida da população. Está claro que a política é, sem sombra de dúvidas, um ótimo negócio, já que tem muita gente interessada em entrar na dança das cadeiras.
Este ano a política de Natal apresenta um fato surreal: Teremos quase 800 candidatos a vereadores. Tenho certeza de que poucos são os que conhecem realmente qual o papel a ser desempenhado por um vereador, que conheça os problemas do bairro onde mora ou que tenha graduação em alguma coisa. Puro interesse no salário que o povo generosamente e de forma inocente lhes paga. E como se não bastasse o gordo salário, ainda recebem desavergonhadamente, os penduricalhos, enquanto os verdadeiros trabalhadores passam fome. Diante da situação caótica na qual a Cidade do Natal está mergulhada, cheguei à seguinte conclusão: não precisamos de vereadores. Eles custam caro, não desempenham suas funções de maneira satisfatória, trabalham pouco, têm regalias que não são dispensadas a um trabalhador comum e o pior: não têm o menor respeito por seus patrões – O povo.
No âmbito estadual a situação não é diferente. Nossos deputados seguem o exemplo dos vereadores, aparecem somente de quatro em quatro anos enquanto os servidores amargam o atraso de seus salários desde 2018. Duvido que algum político receba salário parcelado, conforme o modelo existente neste Estado. Ninguém diz nada. Ninguém faz nada e os mesmo nomes serão reconduzidos às suas cadeiras.
A bancada de deputados do Estado finge-se de morta e não toma qualquer atitude que possa colocar ordem nesse caos. Diante de tal situação descobri que nos também não precisamos de deputados, pelas mesmas razões de que não precisamos de vereadores. Dou um doce a quem conseguir provar, que algum vereador, deputado, prefeito, governador, enfim, qualquer político desse meu Brasil varonil já recebeu seu salário com atraso. Nós, os patrões dessa cambada, somos obrigados a pagar sua inércia, ineficiência, mordomias e o mais grave: pagar os reajustes que eles próprios se concedem.
Vamos ver se este ano conseguimos mudar as cores desse quadro, elegendo para os cargos públicos, pessoas comprometidas com o futuro do povo potiguar. Caso contrário, vamos continuar a entoar o mantra: Políticos, para que vos quero?