*Alexsandro Alves
E daí que a governadora poderia trabalhar mais ao invés de acenar para a militância.
O decreto Nº 32.831, de 19 de julho de 2023, justifica que “o futebol é esporte que concentra as atenções da população de nosso país, tendo em vista que está intimamente ligado à cultura nacional; a necessidade de fortalecimento do futebol feminino, promovendo a valorização da mulher no campo do esporte e garantindo a igualdade no tratamento da Administração Pública em relação a ambos os gêneros”, como ocorreu na Copa do Mundo de Futebol masculino.
Mas que tradição tem esse futebol feminino para ter tratamento igual ao do masculino? Quem disse que o Brasil irá torcer da mesma forma?
Prova disso que apenas Fátima Bezerra inventou essa novidade. A capital e o estado não pararão por isso, como ocorre com os jogos de futebol tradicionais. Fazer órgãos do Estado decidirem se param ou não também tem outro detalhe, bem malandro da governadora.
A distinta sabe que erra. Sabe que isso não se justifica por nada que diga. Sendo assim, coloca ponto facultativo, e quem decide, no fim, se trabalha ou não, é cada repartição. A governadora tira o corpo fora e delega a outrem suas responsabilidades.
No entanto, serviços essenciais não pararão. Saúde! Segurança!… Educação?
A Educação vai parar? Mas não seria essencial a Educação? Não deixa de ser mais um jeitinho brasileiro em ação.
A Educação é essencial, para fazer greves (nesse caso potiguar, greves falsas onde o SINTE é mais braço do governo, no mínimo uma espécie de ombudsman), para cobrar o piso (não sem razão, claro, precisa e deve ser cobrado); mas parar por motivo tão ideológico, tão de nicho, quanto o apresentado no decreto, é não ter nada para dizer.
“Garantindo a igualdade no tratamento da Administração Pública em relação a ambos os gêneros” – quanta hipocrisia! Mais de 80% dos professores são mulheres, e negras, e o tratamento que a Educação sob Fátima Bezerra ganha é o mais vergonhoso, injurioso e degradante desde Geraldo Melo. Nem mesmo o piso a governadora paga como deveria! Se a governadora deseja igualar homens e mulheres, deveria começar por se diferenciar dos outros governos!
Mas não! A governadora age com a mesma mesquinharia de seus antecessores e antecessoras: impedindo que mulheres tenham direito ao que lhes são de direito! Mas vem falar de igualdade de gênero!
Seu discurso e seu decreto, governadora, são incompatíveis com suas ações. A senhora traiu a Educação. Sua igualdade de gênero não alcança as mulheres professoras.
As escolas sucateadas e com defasagem de aulas por conta da greve. E mesmo com essa defasagem a Educação parará nesses dias?
E tem outra. Os jogos serão pela manhã, 7 ou 8 horas da manhã. Os turnos vespertino e noturno pararão?
Não há motivo.
Nessa ação de Fátima Bezerra se enxerga apenas isso: um aceno identitário para a militância petista. E por conta deles teremos um feriado sem sentido e teremos a governadora esquecendo, mais uma vez, que precisa governar para o Rio Grande do Norte e não para sua turma. E percebemos também a falácia daquele discurso que diz que a educação é essencial.