*Franklin Jorge
Capital do Rio Grande do Norte durante nove dias, a cidade de Portalegre, na serra do mesmo nome, destacou-se entre nós por sua participação nas lutas pela Independência, especialmente na revolução de 1817. Foi o lugar, na província, que primeiro deu guarida aos proscritos.
Portalegre, como Martins, teve seus revolucionários que foram enviados, alguns com opróbrios e humilhações, para os cárceres da Bahia, acusados de conspirar contra a Coroa Portuguesa, pois queriam a liberdade com entusiasmo.
Foram eles João Barbosa Cordeiro, vigário da freguesia de São João Batista, de Portalegre, que aderiu ao movimento chefiado por André de Albuquerque, seu amigo íntimo. Conquistou muitos adeptos para a causa.
Ao saber que o movimento havia triunfado em Natal, o padre ajoelhou-se, ergueu as mãos e os olhos para o céu e rendeu graças ao Criador, contam os antigos, porque havia de morrer numa pátria livre. E, entusiasmado, correu à sua Igreja Matriz, depois de exortar o povo, entoou o Te Deum Laudamus.
Depois da prisão, anistiado, voltou à paróquia e exerceu até o fim da vida seu ministério.
José Francisco Vieira de Barros, Sargento-Mor da Cavalaria Miliciana, declarou-se a favor da revolução. Amigo íntimo de André de Albuquerque Maranhão.
Leandro Bessa, natural e morador da Vila de Portalegre, Tenente-Coronel da Cavalaria Miliciana, também aderiu ao movimento levando consigo toda corporação da qual era o chefe. Sofreu, por isso, tormentos nas garras da justiça.
Felipe Bandeira Filho, Tenente, era filho do Capitão Felipe Bandeira, também, por convicção, adepto da revolução. Foram ambos presos, como os outros, na Bahia, e em 1821, anistiados pelas Cortes de Lisboa.
A pequena e encantadora Portalegre, no alto da serra de Dona Margarida, nos deu uma lição de coragem e civismo.