*Aristóteles Drummond
Ao criar o movimento bolivariano o Coronel Hugo Chávez gerava uma nova capa para encobrir um comunismo regional, tendo como motivação a exploração de um sentimento antiamericano. E a substituição da revolução pelas armas pela conquista via eleições, na hábil exploração da ignorância da maioria e da alienação das burguesias capitalistas.
Nesta caminhada o Brasil, como maior referência do continente, ganhou relevo com os anos PT, a criação do Foro de São Paulo e como país com mais recursos disponíveis na região. O Brasil dispõe de mais do que o dobro das reservas cambiais dos demais países.
A potência econômica que o Brasil representa é hoje a esperança dos falidos regimes da Venezuela, Nicarágua, Cuba e Argentina. Apesar da rejeição a qualquer liberalidade, o Presidente Lula vem se esforçando para atender aos seus companheiros de alguma forma e ao que tudo indica vai conseguir alguma coisa via bancos oficiais “em nome da exportação de produtos e serviços do Brasil”. É dispensável lembrar que nenhum destes países possui crédito internacional.
No MERCOSUL, dos quatro fundadores, são os pequenos Uruguai e Paraguai que protestam contra a transformação do órgão em linha auxiliar dos bolivarianos, como se constatou na última reunião.
As posturas pouco diplomáticas do governo Bolsonaro em desnecessários atritos com governantes estrangeiros como os presidentes da França e de Portugal, o Brasil ter sido o último país a reconhecer a vitória de Biden e a equivocada viagem a Moscou, deu uma chance à pretensão de Lula virar ator na cena mundial. Mas o sonho foi se diluindo a cada viagem, com declarações infelizes e abrindo desconfianças nos nossos aliados mais tradicionais como os EUA e a União Europeia. Agora mesmo, ao vetar a venda de blindados feitos no Brasil pela indústria privada para a Ucrânia, confirma as desconfianças em relação a nossa real posição no conflito. E uma injustificável troca de visitas de militares com a China, sem amparo na tradição de nossa diplomacia e de nosso alinhamento com o ocidente.
Este aspecto das investidas do governo brasileiro deveria merecer maior atenção da oposição democrática. A presença de Cuba e da China na Venezuela hoje confirmam a cartilha do Foro de São Paulo de um novo eixo no mundo, tendo a América Latina como protagonista ao lado da Rússia e da China.
E vamos lembrar que o preço da liberdade é a eterna vigilância.
* O autor, Aristóteles Drummond, é jornalista e escritor. Vice-Presidente da ACM/RJ.
** Reproduzido do jornal Inconfidência.