*Franklin Jorge
Certa vez sugeri ao então prefeito Roberto Varela que investisse no Turismo e, consequentemente, na Cultura, porque a meu ver seriam as maiores potencialidades do Vale do Ceará-Mirim. Ele se surpreendeu, como qualquer pessoa que desconhecesse a história do Ceará-Mirim, faria: “Não temos nada aqui, além de ruínas…”
Pois é. Nas ruínas está a riqueza do Cearás-Mirim, outrora um dos quatro vales existentes no Rio Grande do Norte, o mais rico de todos e ao mesmo tempo o mais pobre, pois dele não resta mais do que ruínas inúteis ou desaproveitadas, em consequência dos maus governos que aos poucos foram solapando suas riquezas.
Nessa e noutras ocasiões insisti nesse assunto e sempre ouvi de Roberto Varela a mesma resposta. Que o Ceará-Mirim não teriam nenhum atrativo de natureza cultural ou turística; seria apenas uma velha ruina sem expressão nem charme. Uma das últimas vezes em que tratei desse assunto ocorreu quando a cidade recebeu uma delegação de Vagos, nossa cidade irmã portuguesa.
Durante a manhã fizemos uma visita às ruínas dos velhos engenhos há muito desaparecidos. À noite, numa recepção na prefeitura, o presidente da Câmara Municipal de Vagos, comentando o passeio que fizéramos, aliás por insistência de minha parte, disse-lhe: “Como sabe, Vagos, cidade irmã do Ceará Mirim, é uma terra pobre de tudo; não temos as riquezas que têm aqui…”, E, numa crítica velada, acrescentou: “Se pelo menos tivéssemos as ruinas que há aqui, seríamos talvez um dos ligares potencialmente mais ricos de Portugal…” Referia-se, naturalmente, aos velhos engenhos em ruinas; as ruinas que Roberto via como inúteis.
Pois bem, as ruínas que Roberto via como inúteis e sem atrativos, constituiriam, segundo nos deu a entender o presidente da Câmara de Vereadores de Vagos, seria fonte de inesgotáveis riquezas para a pobre Vagos, que teria no turismo o carro-chefe de sua economia. Porque, naturalmente, eles haveriam de dar uma boa destinação a essa riqueza que, aos poucos, pelo abandono de tantos governantes, vai se desfazendo e se desmanchando. Deixando o Ceará-Mirim cada vez mais pobre.
Em destaque, Ruinas da casa grande do engenho carnaubaú.