*Da Redação
Convidado por representante do Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Literatura a participar de mesa redonda em memória da escritora Maria Eugênia Maceira Montenegro, que marcaria a presença do grupo no Dia da Poesia recentemente comemorado, em 15 de março, o Fundador de Navegos, escritor Franklin Jorge, foi peremptoriamente excluído do evento por vontade de um dos capangas do secretário de cultura Dácio Tavares Galvão, que acumula os cargos na administração municipal. É também presidente da Fundação Capitania das Artes, há mais de uma década, e tem a cultura local como propriedade sua, em decorrência da complacência dos governantes.
O museólogo Hélio (assinalado na fotografia principal que ilustra essa matéria), certamente seguindo orientação de seu chefe, desencorajou os autores do convite ao declarar, com suas palavras, que ele não seria bem visto pelo titular da cultura, alvo de reiteradas denúncias feitas pelo escritor, de ser ele, o secretário, um “maconheiro” pago com recursos públicos e de perseguir artistas locais que têm se insurgido contra o seu estilo inepto e ditatorial de administrar contra os interesses da própria cultura. Ao fazê-lo, o museólogo desafiou lei do próprio Presidente da República, ao abusar do cargo que ocupa, usando-o para perseguir e discriminar. Um c rim e punível com demissão.
Franklin Jorge teria sido convidado por sua consabida relação de amizade com a escritora mineira falecida em 2004, que chegou ao Rio Grande do Norte em 1938, ao casar-se com o ex-deputado Nelson Borges Montenegro. No Açu, a escritora, chamada de Dona Gena por amigos e familiares, por mais de 70 anos. Sob o Regime Militar, elegeu-se prefeita de Ipanguaçu e lá construiu a Biblioteca João Lins Caldas – que foi organizada por Franklin e teve seus livros furtados por um tabelião local. Fundou ainda o Teatro Sinhazinha Wanderley, as principais obras de sua administração, marcada por grande calamidade, a enchente de 1974, que devastou alguns municípios do Vale do Açu.
Dona Gena exerceu grande influência sobre a formação intelectual do escritor perseguido pela Prefeitura de Natal, nascido no Ceará-Mirim e radicado no Estevão, município do Açu, desde os seus primeiros anos de vida. Prova dessa grande e duradoura relação, o livro ainda inédito, Paraísos artificiais, inspirado pela preciosa biblioteca da escritora mineiro-potiguar. Em 1998 Franklin Jorge recebeu, por unanimidade, o Prêmio de Literatura Luís da Câmara Cascudo, que lhe foi atribuído pela Prefeitura de Natal, então governada por Wilma de Faria, que, apesar de muito criticada pelo homenageado, entregou-lhe pessoalmente o prêmio, sem fazer-lhe restrições.
Introduzido no mundo cultural da cidade pela esposa do ex-senador Fernando Bezerra, o secretário de cultura, conhecido por sua mórbida vaidade, arrogância, dissimulação e despreparo, tem o costume de perseguir artistas que não rezam por sua cartilha de gestor inepto e boçal, sob a proteção de Candinha Bezerra e do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, representante de uma das mais antigas oligarquias do estado. Ele tinha o vezo de desencorajar os artistas insurgentes, que ameaçavam denuncia-lo ao seu superior, alegando que suas relações com o prefeito iam além do “estritamente profissional”, que gerou escabrosas suposições que circulam desde então em nosso meio artístico e cultural. O atual prefeito, a pedido de seu antecessor, o mantém no cargo, em prejuízo da cultura de Natal.
Por uma dessas ironias do destino, o escritor considerado persona non grata ao prefeito de Natal, recebeu no mesmo dia que seria o da sua palestra tocante homenagem do vereador e poeta Franklin Farias Capistrano, que fez publicar em seu Facebook algumas palavras (abaixo reproduzidas) que reconhecem e atestam a contribuição do Fundador de Navegos à cultura do Rio Grande do Norte e, mesmo, do país. Por onde passou, ele deixou o seu nome gravado na cultura de nove estados, entre os quais, o Rio de Janeiro (é citado em livros de Heloisa Buarque de Holanda por sua contribuição à poesia contemporânea e no Dicionário da Literatura Brasileira), Piauí, Acre, Paraíba, Goiás, Pará, entre outros. Já o senhor Galvão precisa de colo para manter-se na ativa…