• search
  • Entrar — Criar Conta

Prosa vadia

Fundador de Navegos passa dias no estaleiro, sem animo para rotinas, curtindo os prazeres da postergação e a um tempo tentando dimensionar a decepção do povo brasileiro quando se der conta de que foi abandonado e arremessado por ‘’mao amiga e braço forte’’ num poço sem fundo. Mesmo assim, nesses dias ainda consegui alinhavar os textos que publico em sequencia.

*Franklin Jorge

[email protected]

1 – Oligarcas de pés roídos

Um passarinho cantou nas urnas. Não faz bom tempo para as oligarquias que assolam a política. Mais uma vez revelou-se a carência de lideranças novas e o repudio popular as antigas. As que surgiram nos ultimas anos não tem carisma, não tem, consistencia nem projetos, se desmancham ao primeiro embate. Alguns, porem tem muita persistência e não tiram proveito dos avisos. enfim, em geral, nao inspiram confiança.

Alves e Rosados foram eleitoralmente escalpelado nas urnas. Garibaldi Alves Filho, por muitos anos, ungido por um latifúndio de votos, teve a sua rejeição reiterada e perdeu feio para a deputação federal, e ainda assim, para o tombo ser mais escrachado, enganchado no cangote da governadora Fatima Bezerra, que aceitou seu filho Waltinho como vice em sua chapa, se não todos os Alves – sem exceção – estariam sem representatividade na política onde por anos foram sócios majoritários. Os eleitores reafirmaram seu repudio as oligarquias e currais eleitorais, em 2022. Oligarquias não se sustentam mais. O cenário agora, com a expansão da Internet, e outro.

Muito significativa a derrota do ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, que ao pensar fazer-se Senador acabou apagando seu nome da historia. Podia a ser o maior dos Alves, porem saiu-se completamente desmoralizado do pleito. Em vez de assumir seu destino, assumindo seu papel de liderança promissora, entregou seu futuro a governadora e aninhou-se a sombra de políticos interioranos de prontuário duvidoso, como o ex-prefeito de Pau dos Ferros. Henrique Eduardo Alves não perdeu mais porque foi discreto, embora tivesse sido mais discreto ainda não sendo candidato, se pudesse ter compreendido de vez que seu prazo de validade, aos olhos do nosso povo,  já esta inexoravelmente esgotado.

Sábio foi o ex-senador Agripino Maia, que não precisou de Segunda Chamada para entender o recado do povo. Oligarcas, não. Foi um nome do qual todos quiseram se desgrudar. Henrique Eduardo, que ninguém queria por perto e foi pisoteado e mordido pelos primos Garibaldi e Carlos Eduardo ao tentar se aproximar deles, amavelmente. Saíram de suas Candidaturas como nelas entraram, desapercebidamente. Exceto o ex-senador Garibaldi Fillho, que nos surpreendeu com suas habillidades de dançarino exotico que deixou nosso povo de queixo caido e alma triste. So por isto, fiquei a admirar o ex-senador Jose Agripino

2 – Baudelaire, tao inapto para a vida pratica, definiu apropriadamente o Jornalismo como a advocacia das causas populares. Uma advocacia popular é o que é, sendo sério o jornal. Em sua essência a defesa de causas populares, de interesses do cidadão consciente ou não. Não há melhor definição do jornalismo honesto do que esse repente baudelairiano. Em Bruxelas, fundou A saúde Pública, que teve três ou quatro números.

Nos que escrevemos, não passamos de escrivoes do que nos admoesta e desperta a indignação. Escrivoes, nada mais -, e as vezes testemunha e personagem, como o Escrivao de Chatham, julgado por Cade -, arruaceiro a serviço do Duque de Sulffolk, informa Shakespeare. Um propagador de greves e desordens. E, como prova irrefutável de sua índole criminosa, impôs, num momento conturbado da Inglaterra, impôs que o tinteiro fosse pendurado no pescoço do condenado, pelo crime de registrar as palavras.   Henrique IV.

O jornal impresso morreu. Não era o que parecia ser, necessário. A assinatura de jornais foi por muitas gerações sinal de status. De resumido, pode-se dizer, já que se lia o jornal no café da manha, já começavamos o dia contaminados pela mentira, concluiu, com o tempo, as pessoas fartas de experiencias. Agora, acossados por meios virtuais, ninguém tem mais noção do que era o jornal em nossas vidas. Impresso, o jornal esta morto. Finado. So quando mantido pelo governo para fazer-lhe a propaganda e o marketing.

A internet democratizou o jornal em blogue, e o jornalista em blogueiro. Quanto a opinião, cada um tem a sua. Como opor-se ao crime, por convicção. Desconfiar, como nas ultimas eleições no RN, de cristao e abortista… São exemplos dessa nova cultura que extermina costumes antigos. Todos puderam ter na Blogosfera vitrines para suas opinoes e calhordices. So garimpando. Coisa para empregar um bom tempo do incauto.  Coisa que demanda tempo.

.Parece que estou enrolando o leitor, no mês deste dezembro, quando pareceu-nos justo dobrar o número de publicaçoes diárias. Não demos conta da demanda desde que adveio, para ajustar-se ao serviço, a boa preguiça tem contagiado o velho[i]. Sombra. Agua fresca.

Já me chamaram de Olavo de Carvalho e coisas piores que me divertiram e deram-me animo para extrair o ridículo esteja ele escondido em qualquer loca. De ridiculos faz-se a obra, o picollo mondo, a comedia humana que esta em toda a parte, ridiculamente ornada de vaidosos.

Eduardo Gosson, ao lembrar que fui vice-presidente da seção local da Uniao Brasileira de Escritores, quis entrevistar-me para um projeto de documentação da existência da UBE no RN. ‘’Apesar’’ – de ser eu – ‘’um Conservador, discípulo de Olavo de Carvalho, que nos, de esquerda, combatemos’’. Achei engraçado o adendo. Tornou-se mentor de milhões de jovens declarados cristãos, católicos, monarquistas, bolsonaristas. Confrontou, em seus cursos de filosofia, o Imbecil Coletivo. Jovens brasileiros idealistas  forjam uma rede de vasos comunicantes em defesa da democracia e da Liberdade de Expressao, amofinada por um judiciario venal e militante a serviço de partidos e organização que reúne a elite do crime.

3 –  ‘’india Jucurutu’’ teve ótima recepção.

Essa menina, que aparece incidentalmente em minhas memorias recolhidas em A idade dos nomes, viveu por uns tempos em nossa casa, no Estevao e no Assu. Talvez, para mante-la ativa, tenham entregue aos seus cuidados um menino com a metade de sua idade. Um esforço a exigir-nos concentração e foco.

Quanto foi preciso para por essa engrenagem em movimento.

Porem foram dias intensos, de descobertas maravilhosas. Francisca tinha ideias surpreendentes.  Morava com umas tias-avós, de pele da cor de cuia, duma família de agricultores longevos. Francisca, dos que sobrevivem em seu chão, e o único ser jovem. Gostava de ler.