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Protetora de animais é exemplo de altruísmo

Integrante do Grupo EcoAnimal RN, Lia Bry, 57 anos, abandonou o artesanato para dedicar-se exclusivamente ao resgate e cuidados de gatos abandonados. Trabalhando incansavelmente, sem recompensa nem prêmios, por amor aos animais que recolhe, cuida e alimenta contando apenas com a colaboração de algumas pessoas de boa vontade. À sua casa deu o nome de Arca dos Gatos. Todo o seu tempo é dedicado a eles.

*Franklin Jorge

O que a levou a cuidar de animais em situação de risco?

Eu ganhei um gatinho que resgatou 5 gatas da rua e trouxe para minha casa. De início achei lindo. Mas logo vi as barriguinhas crescendo. Todas estavam grávidas. De um dia pro outro –  forma de dizer -, passei de 6 a 35 gatos. Acompanhei todos os partos. Para alguns consegui adoção, para outros, não, que aqui ficaram aqui e me fazem companhia. Comecei a caminhar por esse mundo da causa animal cada dia mais e vi que o sofrimento deles ia além do suportável. Foi quando comecei a resgatar das ruas e a castrá-los, para conter a proliferação desmedida.

 Quais são os principais problemas que enfrenta nessa luta?

A falta de compaixão do ser humano. Virar as costas para um animal. É virar as costas para você mesmo. E sobretudo a falta de apoio dos órgãos públicos e a adoção de medidas sérias, não populistas.

O que mantém o seu ânimo para isto?

Ver uma vida salva. Pegar um animal na rua, cuidar e ver ele voltar a vida. Isso não tem preço.

Como vê a omissão das autoridades diante desse problema que é de saúde pública?

Infelizmente o “ser humano” é egoísta, quando se trata de animais ele não está nem um pouco preocupado. Acho que se tivéssemos políticos sérios, nossa luta seria muito mais fácil. Poderíamos ser parceiros, já que nós, protetores, estamos todos os dias nas ruas salvando a vida desses animais. Não existe ninguém melhor do que nós para dar solução a esse problema. Nós conhecemos todos os pontos com colônias, sabemos como atrair o animal, sabemos se pode ser castrado (o animal só pode ser castrado se ele tiver alimentado e sem nenhuma doença, senão ele pode vir a óbito.)  Por isso que gastamos nossos recursos e pedimos doações, porque são muitos a necessitar de tais cuidados. Se tivéssemos um hospital veterinário gratuito sério, funcionando sem quebra de rotina, seria muito mais fácil esse trabalho voluntário que fazemos pra sociedade. E ninguém nos agradece, ao contrário, somos taxados de loucos, mal-amados e etc…

 Crê suficiente, da parte da Prefeitura, apenas a vacinação contra a raiva?

Nunca, precisaríamos de todas as vacinas e também de outros cuidados, como castrações. Como falei anteriormente. precisaríamos de um hospital público veterinário.

Carlos Eduardo chegou a prometer em seu segundo mandato construir um hospital veterinário, mas não o fez. Como vê isto?

Falta de respeito com a sociedade; ele queria apenas o voto do pessoal da causa animal. Decepcionante.

Quanto tempo você dispende no seu dia a dia em cuidados com animais?

No mínimo 6 horas diárias. Entre limpeza e cuidados, além da alimentação. Isso quando não temos que ir levar algum ao veterinário para consulta ou castração.

Que espécie de gratificação tira desse altruísmo?

Financeira nenhuma, sou voluntária. Mas a gratidão dos animais não tem preço. São vidas que precisam, ser cuidadas com amor e carinho indispensáveis.

 Já pensou em desistir?

Nunca! Eu jamais desistirei deles. Às vezes faço coisas além das minhas próprias forças e recursos. Mas no dia que desistir deles, estarei desistindo de mim mesma.