*Nadja Lira
Uma escola suja, completamente depredada, cujo espaço serve para o consumo e tráfico de drogas e sendo considerada como a pior da região devido aos altos índices de violência motivada pelas guerras promovidas pelas gangues, dentro do espaço onde a Educação deveria ser a palavra de ordem. De outro lado, um grupo de professores amedrontados, desmotivados e sem a menor esperança de modificar este quadro. É este o cenário mostrado pelo filme Meu mestre, minha vida, que apresenta o ator Morgan Freeman, como personagem central da história.
O filme é datado de 1989, mas os dramas apresentados são completamente atuais. Ele aborda temas como a falta de limites dos alunos, a desmotivação dos professores e ainda as discussões entre os profissionais da Educação, por causa das divergências de opinião acerca do papel do sindicato da categoria.
Morgan Freeman vive o papel do professor Clark, figura querida entre o alunado, mas que se afasta da escola por discordar de algumas normas adotadas pela instituição. Anos mais tarde, ele é convidado a retornar à instituição, para atuar como diretor. O caos impera no lugar e para colocar a escola no caminho correto, ele precisa atuar com pulso firme, adotando medidas demasiadamente antipáticas, mas que ao final rendem o resultado esperado.
Ao assumir o posto de diretor da escola, ele expulsa muito alunos envolvidos com o tráfico de drogas e vadiagem. Paralelamente tem atritos com os professores e servidores do estabelecimento, chegando ao ponto de demitir professores, por considera-los culpados pelo caos vigente no lugar. Mas, reconhece que se excedeu e conclui que precisa contar com a colaboração da equipe, a fim de atingir os objetivos que almeja: a aprovação dos alunos em um importante exame e escola como espaço de ordem e aprendizagem.
A forma adotada pelo diretor para colocar ordem na escola, nos parece exagerada, extrema e algumas vezes até equivocada. Porém, para acabar com o caos instalado naquele lugar, não restava alternativa. Porém, não podemos deixar de levar em consideração, que os filmes, mesmo aqueles que se baseiam em fatos reais, envolvem muita fantasia. Nas escolas de Natal, por exemplo, um diretor jamais poderia se valer dos mesmos métodos para colocar ordem em uma escola.
Percebe-se que o filme, em muitas passagens, mostra cenas nas quais o linguajar do diretor ensejaria um processo contra ele. O limiar entre a fantasia e a realidade em relação ao filme é muito tênue. Embora a história do filme tenha um final feliz, não acredito que na vida real a situação teria o mesmo fim. O Brasil tem leis demais para proteger infratores, mas cabe a nós, cidadãos e educadores, buscar meios para mudar a realidade e formar as crianças para o futuro. A grande dúvida é como ensinar a quem não quer aprender?
Apesar de antigo, o filme trata de um tema bastante atual no tocante aos problemas enfrentados por professores da Rede Pública de Ensino e deveria ser visto e analisado por todos os que trabalham com a Educação.
