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Quinze anos andando para trás…

De todas as capitais nordestinas Natal se destaca por seu atraso cultural, perseguição aos artistas que não rezam pela cartilha, como se vivêssemos sob uma ditadura stalinista remanescente.

*Franklin Jorge

Quando ocupei a titularidade da Sala Natal, criado para dar um viés cosmopolita às atividades rotineiras da Secretaria de Cultura, forjada para acalentar a vaidade e a prepotência de um gestor arrogante e despreparado do que para expandir e solucionar os obstáculos enfrentados pela cultura, que continuaram os mesmíssimos de sempre, apesar da criação de mais um cabide de empregos.

Percebi desde o primeiro instante os desafios que me aguardavam, tendo como superior alguém que nunca se destacou em nada e que teria continuado a ser um zé-ninguém sem o guarda-chuva da poderosa senhora Câindinha Bezerra, que lhe caiu nas graças, e logo o transformou em sócio em um negócio lucrativo – o acesso às verbas da cultura, o que incluía diversas instituições governantes, como a Secretaria de estado da Educação da Cultura e a Confederação Nacional da Indústria.

Tentei fazer algo que não confrontasse a vaidade e o despreparo de Dácio Galvão, notório maconheiro que usou a verba púbica para financiar-lhe o vício seu, próprio, insofismável.

Como quem nada quer, exceto colaborar e servir, fiz-lhe várias sugestões que redundaram em Natal. Como estender as atividades da Secretária de Cultura a municípios vizinhos, através de convênios e acordos de cooperação sem aumento de gastos para a Prefeitura de Natal. Seroa a meu ver uma fórmula de inserir o município na chamada Grande Natal, algo que nunca passou de uma chalaça e da falta de vontade de um gestor que só mirava o próprio umbigo.

Cheguei tentar a convencê-lo de quanto o prefeito Carlos Eduardo lucraria com isto, associando-se aos demais municípios da Grande Natal, sem dispêndios extraordinários para a Secretária que funcionava apenas como um cabide de empregos. Um verdadeiro desperdício para um município já combalido por uma reca sucessiva de gestores pobres de ação e de ideias antenadas com a realidade.

Nada apresentei que pudesse parecer obra minha, mas algo saída da cachola desse sacripanta que gostava de exibir-se, pagando a cantores e violeiros para precede-los nas solenidades, como se a classe artística o reconhecesse como o salvador da Pátria. Jamais o prefeito Carlos Eduardo Alves, que o protegeu por quase 15 anos desconfiou de que tudo ali era uma deslavada fraude.

Fui, antes do prefeito João Dória, a primeira pessoa até então a sugerir-lhe que fizesse bom uso das Redes Sociais e inserisse o município no âmbito da modernidade. Posteriormente, ao relatar a visita que fizera com o prefeito a Dória deixou escapar que o mesmo nada mais dissera que ele repetira minhas palavras, que para Dácio e Carlos Eduardo não valeriam nada.

Nunca um governo desprestigiou tanto a classe artística local como fez o prefeito Carlos Eduardo Alves, obnubilado que fora pelas artimanhas do titular da cultura, cujos erros se e desacertos se somaram de forma perniciosa, fazendo de Natal a mais atrasada e provinciana capital do Nordeste brasileiro. Uma cidade fadada ao anonimato e à incultura.

Esperamos que novo prefeito de Natal corrija todos os erros cometidos em mais de 15 anos. Um crime de lesa-cultura que nos fez andar para trás como os caranguejos.

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Em destaque, o Parque da Cidade, onde em um camarim atrás do palco funcionou a Sala Natal; acima os portões de entrada e saída.