*Franklin Jorge
É sabido que Carlos Eduardo Alves, além de acomodado e cabeça dura, não é um estrategista nem tem se mostrado capaz de extrair lições da experiência. Seu maior erro – dentre tantos outros – terá sido renunciar à segunda metade de seu último mandato de prefeito em benefício de um vice que espertamente logo se tornou um parâmetro para grande parte dos eleitores de Natal.
Ao distinguir Álvaro Dias para um mandato-tampão, na expectativa de vir a se eleger governador do estado, cavou sua própria cova que tem se aprofundado a cada nova ação sua desprovida de senso. Contudo, sem saber ler a realidade e as perspectivas da história, não se intimida em sua marcha da insensatez.
Ao deixar o comando da prefeitura parece ter aberto as portas do galinheiro para uma raposa que se tornaria, por sua astúcia, o mais importante eleitor de Natal, apesar da mediocridade que caracteriza a gestão de Álvaro Dias, cuja sobrevivência resulta do fato de não ter adversários nem uma oposição com credibilidade capaz de unir os descontentes contra sua fome de poder.
Álvaro Dias, conhecedor das fraquezas e deficiências de seu antecessor, rapidamente usou esse conhecimento para mostrar-se o seu oposto em um segmento em que ele, Carlos Eduardo, mostrava-se mais vulnerável – o da Cultura. Sem contar a sua incapacidade de agir na hora certa e de perceber que durante anos foi usado por Dácio Galvão para malquistá-lo com os artistas. Despreparado e ineficaz como gestor, costumava atribuir seus fracassos ao próprio prefeito, ao qual acusava, quando pressionado pelos artistas insatisfeitos, de dificultar o desempenho de suas funções. Seguro da lealdade de seu secretário malicioso, Carlos Eduardo nunca percebeu que era usado e responsabilizado pela incompetência do próprio Dácio. Apesar de sua boa vontade, chegou a ser odiado por grande e significativo número de artistas perseguidos e humilhados por um secretário de má-fé.
Assim, num repente, alguém sem nenhuma relação com a cultura da cidade, tornou-se benquisto por todos ao confraternizar com os artistas e a satisfazer suas reivindicações sempre postergadas.
Carlos Eduardo terá sido, desde Djalma Maranhão, o prefeito de Natal que mais investiu em cultura. Ressalte-se, porém, que pagou por sua má escolha e por ter mantido em todos os seus governos, como gestor cultural, um ególatra incompetente e malicioso que conseguiu atribuir seus fracassos ao prefeito que o alçou ao exercício de um cargo de extrema relevância. Carlos Eduardo deixou o governo malvisto e odiado pelos artistas, não por falha sua, mas em consequência da traição de seu secretário todo-poderoso.