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Redinha e não Ridinha

  Navegos retoma a publicação das crônicas de Luís da Câmara Cascudo em colaboração com o Instituto Ludovicus e de sua presidente, Daliana Cascudo, que generosamente nos autorizou a fazê-lo.

*Luís da Câmara Cascudo

[email protected]

Creio que esta é a terceira ou quarta vez que escrevo sobre a linda Redinha. Pelo menos em duas

crônicas respondera consultas sobre a pronúncia do nome da praia bonita.

Expliquei que o certo é Redinha e Ridinha é uma mania como outra qualquer. Mera questão de dizer

um nome errado e teimar.

Ninguém pode evitar que um cidadão entenda de dizer e escrever cidade de Natal em vez de cidade

do Natal que é o real, histórico e certo.

Não é dado a todos obedecera Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, que, no seu artigo 2°,

estabeleceu a grafia oficial.

Não há Ridinha em registro algum do meu conhecimento.

Encontra-se, abundantemente, nos arquivos de nossa história é Redinha.

Ela foi dada ao Padre Gaspar Gonçalves da Rocha pelo Capitão-Mor João Rodrigues Colaço em 23

de junho de 1603.

Constituía a doação em 1500 braças começando da boca do Rio Guaraú (Guagiru) pelo Rio Potengi

acima e era excelente porto de pescaria.

É o porto da pescaria que foi dos capitães todos, e hoje é de Pero Vaz quem o deu o senhor

Governador Gaspar de Souza é o melhor porto de pescaria que aqui há de fronte da Fortaleza.

Até 1614 não tinha nome e não o encontrei durante o domínio holandês nem durante todo o século

XVII.

Deve ter sido dado no correr do século XVII por algum português proprietário da região.

Na primeira metade deste século XVIII deparo com o topônimo já popular e velho. Trata-se de

D.Joana de Freitas da Fonseca, viúva do capitão Manoel Correia Pestana, ter comprado a uma viúva,

de nome Gracia do Rego:

…sítio chamado da Redinha da outra banda do rio desta cidade, com toda terra da dita Redinha até a

Pajussara por comprido e do Outeiro do Minhoto até o Rio Guagirú.

A data do registro é de cinco de junho de 1731.

Este Outeiro do Minhoto é o antigo Sítio Floresta, de Caiana, até a antiga terra do patrimônio de

Nossa Senhora da Soledade, na povoação de Igapó. O Rio Guagirú é o Rio da Redinha, Rio Doce,

sangradouro da Lagoa de Extremoz, a Tijuru indígena, na aldeia de São Miguel de Guagirú.

A Redinha continuou habitada.

Ainda em 1764, Caetano Pereira de Andrade dizia-se morador no Sítio da Redinha.

O nome nos veio de Portugal, com todas as letras.

Redinha é uma vila do Conselho de Pombal, distrito de Leiria, na Estremadura. De lá emigrou o

topônimo para batizar a praia da cidade do Natal.

Com veem, sempre Redinha, Redinha, Redinha…