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Remédio vencido

Boataria sobre candidaturas expõe o fisiologismo militante e o desespero de antigas lideranças que buscam o cacife da governadora de plantão pela conquista de um mandato.

*Franklin Jorge

Considerados por muitos “remédio vencido”, os últimos sobreviventes da oligarquia Alves que ainda respiram estão mais perdidos do que cego em tiroteio. Estão todos empenhados em disputar o oxigênio da máquina estatal para insuflar vida à candidaturas que só se justificam como projetos pessoais. Tanto o ex-governador Garibaldi Alves e seu apêndice Waltinho, deputado federal, quanto o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves apelam para manter suas cabeças acima da superfície, agarrando-se a uma boia furada.

Os três, contaminados pelo desespero, disputam o apoio da sra Bezerra, para a obtenção de mandatos  de vice-governador, outro, de deputado federal, no lugar do filhote; e o terceiro para o senado que é um céu na terra. No caso do ex-governador  que há anos vive sob o efeito de antidepressivos e enfermizado de Parkinson, essa pretensão não surpreende mas constrange-nos a todos, apesar da saúde precaríssima do postulamente que já devia estar definitivamente aposentado: seu pai, quando suplente de senador, assumiu a prebenda em cadeira de rodas e sob o temor dos presentes de dar seu último suspiro em alguma sessão do Senado…  Todos eles sabem, do fundo de suas almas, que são remédios vencidos e desacreditados e que só podem chegar a algum lugar com o adjutório de uma liderança artificialmente criada pela falta de lideranças autênticas. Nesse vácuo, engordou a sra Bezerra; está luzidia e devorando com voracidade o que lhe desperta a libido de poder. Sozinha, tem mais peso do que toda a família Alves de pés j, apesar de sua notória impopularidade.

Que o ex-prefeito de Natal acredite nisso, ou seja, que faz a coisa certa curvando-se à virago paraibana, não surpreende. A cada eleição ele se mostra mais e mais desorientado, sem discernir ao certo de onde a banda toca. Mas, no caso de Garibaldi, é desespero mesmo. Ele sabe que sua hora passou e, se ainda se dispõe a espernear é porque pensa mais no filho do que em si próprio… Vive deprimido e sob o efeito de remédios controlados; mas tem Waltinho, o menino de ouro para quem ele quer, como um bom pai, assegurar o futuro e  dolce far niente de um mandato que o livraria de trabalhar nos próximos anos. É por Waltinho, e somente por Waltinho, que ele, Garibaldi, não entrega os pontos e ainda procura dar algum sinal de vida.