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Retratado falado de Miguel Sanches Neto

Miguel Sanches Neto, escritor e professor universitário, publicou, entre outros títulos, Venho de um país obscuro (2000), O rinoceronte ri (2006) E Herdando uma biblioteca (2004). Recebeu os Prêmios Cruz e Souza (2002), Binacional das Artes e da Cultura Brasil-Argentina (2005) 4 Prêmio Nacional Luis Delfino (1989).

*Franklin Jorge

[email protected]

Quando nasceu?

Em 24 de julho de 1965, mas meu pai só me registrou no dia seguinte, por motivos óbvios.

Onde?

Em Bela Vista do Paraíso, no Norte do Paraná.

Como se chamam seus pais?

Antônio Sanches (faleceu quatro anos depois de meu nascimento) e Nelsa da Silva Sanches.

De onde são?

Meu pai, filho de espanhóis da região de Navarra, nasceu em Itapetininga, interior de São Paulo. Minha mãe, filha de mineiros da região de Muzambinho, nasceu em Sertanópolis, Norte do Paraná.

O que você herdou do seu pai?

A vontade de escrever – meu pai era analfabeto e nunca conseguiu nem escrever o próprio nome.

E de sua mãe?

A propensão para transformar tudo em narrativas.

Dê-me fatos para esclarecimento de heranças.

Estão acima.

Quem é você?

Um pastor de nuvens – como queria a Cecília Meireles.

Mais fatos.

“(Pastores da terra, que vedes pessoas
sem serem apenas de imaginação,
podeis encontrar-vos, falar tanta coisa!
Eu, não)”

E sua infância?

Minha infância está inteira em meus livros.

Como brincava?

Brincava no quintal, nos terrenos baldios, na rua que não tinha asfalto nem iluminação. Brincava inventando os brinquedos. Assim, uma árvore era uma espaçonave.

Quando deixou sua terra?

Aos 4 anos de idade, quando meu pai morreu. De lá para cá, venho deixando todas as terras por onde passo, para ter pretexto de retornar a elas pela ficção.

Que coisas tem feito?

Dado aulas na universidade, escrito para jornais, publicado livros para crianças e adultos. Criado meus dois filhos.