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Retrato falado de Emanoel Barreto

Jornalista e professor aposentado da UFRN, onde se revelou um verdadeiro mestre comprometido com o crescimento intelectual e humano de seus alunos, Emanoel Barreto foi um dos melhores editores que já tive e a ele devo grandes estímulos. Aqui ele se revela aos leitores de Navegos.

*Franklin Jorge

[email protected]

Quando nasceu?

Meu nome é Emanoel Francisco Pinto Barreto. Nascido em Natal dia 20 de abril de 1951.

Onde?

Minhas vivencias familiares se deram todas em Natal; exemplos de vida e estímulo aos estudos.

Como se chamam seus pais?

Francisco Plácido Barreto e Ana d’Arc Pinto Barreto,

O que herdou do seu pai?

Meu pai, deu-me como legado humano serenidade e firmeza.

E de sua mãe?

Minha mãe, encaminhou-me ao gosto pela leitura e pela observação do mundo em perspectiva.

Quem é você?

Sou um homem perplexo quanto à forma como a nossa humanidade sempre foi vivida, segundo se constata nos registros históricos: o Homem como inimigo de si mesmo. Mas também sou agradecido por ter a oportunidade de existir no meu tempo.

Como brincava?

As brincadeiras eram centradas em jogos de futebol, jogos de botão e ver filmes de caubói nos cinemas Rex, Nordeste e São Luís. E muita leitura em meio a tudo isso.

E sua infância?

Essa pergunta já está respondida quando referi as brincadeiras

Quando deixou a sua terra?

Nunca deixei Natal. Infância, juventude e maturidade todas vividas aqui.

Mais fatos

A Natal dos anos 1950/1960, marcantes para a minha formação, era uma cidade, digamos, ainda silvestre e ingênua. Explico: grandes áreas, hoje transformadas em condomínios e avenidas, eram totalmente recobertas por espessas copas de arvores; vendedores percorriam as ruas gritando os seus pregões: “Tem coco! Tá quente! Tem coco! Tá quente!”, eram os vendilhões de mungunzá; “Iê a cocada!”, os meninos berravam seu ganha-pão vindos de bairros distantes; ou então “Areia! Areia da grossa, areia da fina!”, eram os meninos que vinham das praias da cidade.

Como não havia palha de aço para polir panelas a areia era o substituto: a areia mais fina ou mais grossa dependia da necessidade da dona de casa para rapar a camada de gordura encascorada, como se dizia, no alumínio da panela ou frigideira. Mais gordura areia grossa; menos, areia fina.

Não havia fogão a gás, todas as casas usavam carvão; crianças eram lavadas pelas mães a tomar leite tirado da vaca diretamente para o copo e até mesmo vendedores levavam vacas para vender seu produto de porta em porta. Havia paz e urbanidade. Isso nos anos 1950.

A década seguinte começou a mudar a cidade e nos levou a experienciar a chegada do rádio transistorizado e da TV. Era o mundo inteiro entrando em nossas vidas. Então essas novidades e a continuada leitura de livros reforçaram em mim a já mencionada visão do mundo em perspectiva, estabelecendo um repertório crítico pela conjunção do mundo literário com o mundo da comunicação o que me influenciou decisivamente para ser jornalista.

Que coisas tem feito?

Estou aposentado da UFRN e do jornalismo que exerci durante mais de quarenta anos. Atualmente dedico-me à família e busco uma vida retirada. Vou continuar assim.