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Retrato falado de Francisco Chagas Freitas

Diplomata, considerado o maior colecionador de obras de artistas da Alemanha Oriental, já apresentada em grandes museus e alvo de publicações, como livros e documentários premiados em importantes festivais internacionais de cinema, encontra-se atualmente em missão na Bolívia.

*Franklin Jorge

[email protected]

Quando nasceu?

em 08/03/1955, dia Internacional da Mulher, que muito me orgulha.

Onde?

No seringal Restauração, no Jaminawá, hoje Jordão, outrora pertencia o munícipio de Tarauacá-AC

Como se chamam seus pais?

Vicente de Paula Freire de Freitas, já falecido, e Maria do Carmo.

Quando nasci, ele era seringueiro

foi agricultor no Rio Muru, onde cresci e carpinteiro, em Rio Branco, para onde nos mudamos nos anos 70.

Profissão que exerceu até eu levar a família, nos anos 80, para Brasília.

De onde são?

Tarauacaenses

O que você herdou do seu pai?

Monetariamente, nada. Mas, moralmente, tudo. Sou o que sou graças aos ensinamentos dele, onde a educação, com seriedade e o catolicismo eram as coisas mais importantes.

E de sua mãe?

De mamãe herdei os sonhos. Uma mãe que nunca aprendeu a fazer o nome, criou 11 filhos. Hoje sua velhice, tem em todos nos Filhos e Netos o maior alicerce.

Dê-me fatos para esclarecimento de heranças.

Uma certa vez, quando fui candidato a Deputado Federal pelo PDT, à época presidido por Brizola. Estava andando pelo Mercado do Bosque, em Rio Branco, papai me disse uma coisa que sempre haverei de lembrar: Meu filho o homem sem palavra nada fale e tudo de coloquei em casa foi produto do meu suor. Tome cuidado com os seus amigos!

Quem é você?

Acho que sou um produto da vida. Como funcionário do Itamaraty tive o privilégio de trabalhar em mais de 30 países e conhecer mais de 100. Em todas as minhas andanças procurei aprender ao máximo, principalmente com a classe baixa, o que difere muito dos nossos representantes, que se julgam ter o rei na barriga. Isso me possibilitou contatos com artistas, poetas, jornalistas, etc.

Mais fatos.

Nas artes eu me encontro, sou um leviatã. Onde chego quando encontro um artista, muda o meu mundo. Não é a toa, que os amigos queridos e estimados são artistas e jornalistas, para mim os seres mais cristalinos da vida!

E sua infância?

Minha infância acho que ela não existiu, pois desde muito cedo fui apresentado ao trabalho. Primeiro ajudando minha mãe nas tarefas com os meus irmãos mais novos. Depois, já taludinho, por volta dos 8 anos, ajudando papai na lavoura, Quando fui estudar em Tarauacá, tinha 14 anos, ai foi quando conheci a peteca (bola de gude). Jogava muito e dizem que eu era bom. Como sempre trabalhei e estudava muito, nunca sobrava tempo para brincar.

Como brincava?

Acho que esta resposta está na pergunta anterior

Quando deixou sua terra?

Deixei o Acre em 1975, para o Rio de Janeiro, de ônibus. Mas levamos uma semana para chegar em Brasília. e o Rio só fui conhecê-lo, 10 anos depois. Fiquei em Brasília e onde tenho residência até a minha morte.

Que coisas tem feito?

Tenho viajado muito, desde o início em missões do Itamaraty mundo à fora: Já morei em todos os continentes e gostei de muitos lugares, do Líbano, da Alemanha, da Índia, do Sri Lanka, da China, da Costa do Marfim, da França, de Sierra Leoa, dos EUA, e de Cochambamba, de Lima, atualmente estou em Cobija/Bolívia, onde espero me aposentar para viajar mais e curtir as artes, que segundo Freud, é o único bem que fica e quem sou eu para ir contra o pai da psiquiatria.