Franklin Jorge
Nome?
Joelma Ferreira Franzini
Quando nasceu?
15-02-1968
Onde?
Presidente Bernardes-São Paulo
Como se chamam seus pais?
Luiz Franzini e Aparecida Neuza Ferreira
O que herdou de seu pai?
Obesidade. Muita imaginação. Não o conheci muito bem.
E de sua mãe?
Atitude, criatividade, comunicação e coragem. Também não convivi muito tempo com ela.
Quem é você?
Sou uma mulher forte e corajosa. Tenho 52 anos, mas já vivi, pelo menos, 252. Sou honesta, determinada e minha prioridade é mil por cento minha família. Sou muito bem amada e feliz. Compreendi o que é, de fato, mais importante pra mim, isso é libertador. Gosto das pessoas e possuo uma propensão forte em acreditar nos sonhos, tenho ideais, fé em Deus e na vida. Um ser humano comum.
Dê-me fatos para esclarecimento de heranças.
Sempre fui uma garota esperta, carinhosa e criativa. Uma das melhores alunas das escolas por onde passei. O fato da obesidade sempre causou um pouco bullying, mas nunca fui encanada com meu corpo, sou grata por ser saudável, e me considero uma mulher bonita e interessante. Encaro a vida e os problemas de frente.
E sua infância?
Foi financeiramente muito modesta, porém, grande em experiências e emoções. Num pequeno sítio no interior de São Paulo. Fui criada, a maioria do tempo, por avós maternos. Meu avó foi um roceiro, grande poeta analfabeto com riquíssima imaginação poética, contava piadas e histórias de sua autoria. Minha avó era séria, um tanto embrutecida pelo peso do trabalho acumulado das mulheres da roça, nunca me deu um beijo, mas me deu alimento, roupas limpas, cama quente, remédios, educação, e nunca me permitiu perder um único dia de aula. Isso foi fundamental para minha formação humana e acadêmica.
Como brincava?
Quase sempre sozinha, com bonecas de espiga de milho verde, fogãozinho de lenha onde cozinhava comidinhas de folhagens em panelinhas de latas de sardinha ou goiabada. Costurava bonecas de pano e construía asas com folhas grandes e pedaços de papelão, com as quais tentava voar. Posso jurar que, um dia, por um breve instante, consegui! Andava pelos pastos, subia nas árvores. Criava cachorrinhos e gatinhos. Aos domingos, ia à missa na capelinha da vila, gostava muito e era o único passeio. Às vezes, chegavam as primas da cidade, eu gostava de brincar com elas.
Mais fatos.
Da infância à pré-adolescência, sofri bullying, violência emocional e física por parte de uma tia. Me faz bem acreditar que ela se arrepende do que fez… Sempre gostei de escrever, poesias, contos, histórias infantis, artigos. Mas nunca pude me dedicar plenamente à essa paixão, fui perdendo meus escritos, parando de escrever. Professor de dois ou três períodos, com filhos e depois netos, não tem muito tempo para escrever!
Fiz minhas escolhas, não me arrependo.
Quando deixou sua terra?
Quando tinha treze, quase quatorze anos, revidei às violências físicas sofridas. Compreendi que era hora de partir. Fui para o Acre residir com minha mãe. Morei com ela por um ano e meio. Aos quinze anos, fui viver com meu primeiro companheiro e pai dos meus filhos.
Que tem feito?
Estudei muito e trabalhei muito. Desenvolvi minhas atividades em escolas públicas por trinta e seis anos, sempre gostei de ensinar a ler e escrever. Tive três filhos maravilhosos, hoje tenho dois. Tenho quatro netos lindos e inteligentes, dos quais crio um casal como filhos. Vivo uma segunda união surpreendente, meu companheiro é único. Estou aposentada à dois anos, faço muita comida boa e ajudo filhos e netos, sempre amparada por meu marido. Que tem feito? Tenho crescido, tenho amado minha família e tenho escrito bastante.