*Franklin Jorge e Francisco Alexsandro Soares Alves

Quando nasceu?

Nasci em 26.04.1951 uma quinta-feira.

Onde?

Em Natal na Maternidade Januário Cicco.

Como se chamam seus pais?

Boaventura Fernandes Campos e Anália Silva Campos.

De onde são?

Papai nasceu em Ceará-Mirim. Mamãe em Pureza.

O que você herdou do seu pai?

Trabalho e honestidade.

E de sua mãe?

O sentimento de pertencer a uma família, trabalho, perseverança e honestidade.

Quem é você?

No exercício da minha vida profissional surgiram oportunidades de desvio de conduta, mas em nenhum momento deixei-me corromper pelo fácil. Lutei, através do estudo e dedicação para conseguir atingir meus objetivos. Aceito a flexibilização, mas não tolero a subserviência.

Eu sou Marcos Antonio Campos. Funcionário aposentado do Banco do Brasil a quem me dediquei longos 42 anos. Sou Bacharel em Letras, em Ciências Contábeis e em Administração de Empresas. Posso afirmar que vivo administrando letras e números, pois no momento dedico-me a literatura e a Bolsa de Valores.

Antes de ser bancário trabalhei durante três anos em uma livraria que vendia coleções. Ganhava muito pouco, mas também não fazia nada além de esperar as horas passarem, pois quase ninguém entra em uma livraria para comprar as obras de Machado de Assis. Sobravam-me tempo e livros e li tudo que podia de Freud a Jorge Amado numa corrida alucinada pelo conhecimento. Acredito ser o maior leitor da cidade de livros que tratam da Segunda Guerra Mundial, tantos foram os livros que li sobre o assunto.

Passei em um concurso público graças à livraria e virei funcionário público federal no INSS. Continuei a não ter o que fazer, pois apenas recebia as correspondências enviadas ao órgão federal. Durante esse tempo tive acesso às cartas enviadas ao INSS pedindo a concessão de auxílios. Eram cartas deliciosas em que as famílias contavam seus traumas e problemas e essas cartas mostraram-me o caminho da literatura, mas ainda faltava-me o dom. Também fui professor durante três anos, agora trabalhando feito escravo, mas aprendi a dominar a escrita. A criatividade surgiu um dia quando entrei em um cinema e assisti ao filme que mudou minha vida “Sociedade dos Poetas Mortos”, a partir desse filme estava contaminado pelo vírus da escrita e comecei a escrever o que queria e não o que me ensinaram na Universidade.

Entrei para o Banco do Brasil, virei escravo do trabalho e cumpri um longo hiato afastado da literatura, até que aposentadoria apareceu no meu caminho e retornei a vereda da literatura.

Ninguém acredita hoje quando digo que apesar de ter família estruturada e casa fui menino de rua, morei por muitos e muitos anos no Alecrim. Frequentador assíduo da Feira e do mercado do bairro onde vendia sacos de papel de cimento que confeccionávamos e vendíamos aos feirantes. Carregávamos sacos de carvão e transportávamos as compras das senhoras por alguns trocados que nos possibilitavam a ida aos domingos ao cinema. Possuía um caderno com todos os atores, diretores e produtores de filme e esse caderno fez com que eu vencesse uma disputa entre colégios de Natal. O prêmio naquela época foram cem ingressos para o cinema.

Como Brincava?

Como todo moleque daqueles tempos brincava: carrinho de rolimã, bola de gude, pião, soltar papagaio, brincadeiras de roda, jogar bola e como existiam craques, pegar passarinhos e às seis da tarde assistir a novela de rádio “Jerônimo. O Herói do Sertão”.

Quando deixou terra?

Nunca deixei minha terra, pois nasci e vivo, até hoje, em Natal, mas isso não me impediu de viajar e viajei e viajo muito. Aproveitei todas as oportunidades que tive de viajar e fui apresentado a muitas escolas e isso está refletido em minhas obras. Dizem que escrevo difícil, mas isso se explica porque escrevo minha aldeia e o mundo. Quando miúdo meu irmão mais velho e todos os primos foram para São Paulo. Jurei um dia que eu não faria esse caminho, pois lembro muito bem o sentimento de tristeza na hora da despedida. Lembro-me de uma cena no porto de Natal, quando uma tia pegou o vapor para o Rio. Em cenário de encantamento para uma criança, tudo diferente do que existia no Alecrim: o porto, um navio, o rio a multidão e os acenos acompanhados pelo choro e tristeza no cais da velha Ribeira.

Que coisas tem feito?

Tenho produzido muita literatura. Passaram-se cinco anos até eu ter coragem de publicar o primeiro livro e aceitar-me como poeta. O primeiro livro ninguém nunca esquece “Um Bêbado Sonhador” que para surpresa minha foi muito bem aceito. O segundo livro “Babel” demorou dois anos para ficar pronto e eu tive muito medo ao lançá-lo, pois duas questões estavam no ar: É o mesmo do mesmo. Na está à altura do primeiro.

Agora quando estou para lançar “Algodão Doce” livro de contos e crônicas o medo volta a assombrar-me porque me classificam como poeta. Não sabem que para mim todas as vertentes da literatura estão presentes. Gosto do modernismo e do concreto e não me importo se é prosa ou poesia.

“Absinto” será o terceiro livro de poesia, já está pronto, mas vai ficar, provavelmente, para o próximo ano. Nesse novo livro de poesia eu exploro um pouco mais do meu eu e de minhas influências externas. É visível a influência da pintura entre outras artes.

Tenho explorado vários filões da literatura: Haicais e Trovas estão muito presentes em minha obra, como também minicontos.

Mais fatos?

Lancei como coordenador em parceria, com meu sobrinho Rodrigo, dois livros escritos pelo meu irmão João Bosco Campos que não chegou a publicar em vida. “A Pipa” livro de poesia e “O Alferes Domingos Fernandes Campos, Senhor do Engenho Jundyaí”.