*Franklin Jorge
Quando nasceu?
Na grande cheia do rio Açu de 1974, no dia sete de Julho.
Onde?
Na Maternidade Pública de Assu no Rio Grande do Norte, chamada na época de Fundação Sesp.
Como se chamam seus pais?
João Leônidas de Medeiros Junior e Expedita de Melo Medeiros.
De onde são?
Meu pai é filho de pai seridoense e mãe assuense. Nascido em Ipanguaçu RN. Criança do sítio Baldum, rapaz veio morar em Assu, onde ainda empreende uma nobre história. Minha mãe nasceu em Carapebas, hoje Afonso Bezerra, filha de pais do Canto Grande, onde viveu sua infância. Já mocinha veio estudar em Assu. Hoje também cidadã assuense.
O que herdou de seu pai?
A generosidade, o meu pai é o homem mais generoso que eu conheço. E uma correta alegria no contato afetivo.
E de sua mãe?
O zelo pelas pessoas, por suas histórias de vida. O apreço à Cultura e a Arte Popular. O cultivo das plantas.Quem é você?
Eu sou um poeta cotidiano, e artista, efetivamente, comum pintor de idílicas paisagens. Conservador e restaurador de artefatos e Criador de Anúncios. Por filosofia mantenho um Idealismo Prático e um Zen Budismo de ação.Conte-me fatos para esclarecimento de suas heranças.
Existem heranças em que nos apegamos pelo afeto e essas revelam muito de nós.
Fui vizinho de Adália Tavares Dantas na Travessa das Almas, hoje Rua Dr. Pedro Amorim, até a puberdade. A casa de Adália era um ambiente fabuloso, ela pintora de temas clássicos, flores diversas; de vivaz pedagogia, sempre muito amorosa, num lar de muitas sobrinhas. Estudei numa escola de enorme biblioteca, em que fui zelador dos 9 aos 14 anos de idade, minha Alexandria naquelas tardes… Tenho uma tia por parte de pai extremamente habilidosa em artes decorativas e com muita Cultura Humana. Essa minha tia Ivete sempre incentivou meu talento desde sempre.
E com 29 anos, por vizinhança também, me apeguei a duas primas, em quarto grau, já idosas coroas, contadoras de inumeráveis glosas, declamadoras de antigos versos, histórias do sempre. Bibia e Tetê eram memória pura. Minhas eternas meninas, vivemos os melhores anos de nossas vidas.
E sua infância?
Fui criança entre os sítios, fazendas e a cidade: meu Sertão pessoal. Na cidade, de intenso fluxo poético, histórico de ilustres escritores, apeguei-me a leitura e a arte bem cedo, desde pequeno me faço artista. No campo, o convívio com a terra, as colheitas, a natureza e a gente mágica de uma vida sem pressa, moldaram outra face do meu temperamento.
Como brincava?
Desenho e pinto desde a primeira infância. Leituras clássicas e populares. Jardinagem. Banho de rio e lagoa, pescar. O teatro da escola. Eu tive calungas… As brincadeiras de minha infância foram virando atividades formais.
Quando deixou sua terra?
Em 1990 pra estudar em Natal, onde fiz excelentes amizades, ampliei minha arte e cursei Educação Artística e Publicidade. Desde 1997 regressei ao Vale do Açu e fixei residência, daqui eu voo pra todo canto, mas o retorno é bem certo. Costumo dizer que aqui foi onde meu folclore perdeu as botas!
Que coisas tem feito?
Há 17 anos tenho trabalho e morada nesse lugar que chamamos Usina, e assim chamamos por ser realmente uma antiga usina de cera de carnaubeira, que foi também escritório e depósito de frutas e grãos desse meu avô João Leônidas de Medeiros que plantava no Baldum; porém, durante esses dias de pandemia do COVID 19 me isolei por completo e aproveitei esses meses pra pintar somente. E até percebi que as vezes os compromissos profissionais outros, as atividades diárias de diretor desse escritório de Comunicação e Arte: que, sendo galeria, emporium, laboratório e café e, convergência cultural diária de muitos amigos, subtraem um tempo enorme da minha pintura.
Então, por esses dias eu me dei a rotina caprichosa de pintar mais, cultivar mais plantas, ler mais livros, escrever e digitar organizando calmamente os meus escritos, cozinhar respeitosamente, dormir muito e cuidar apenas de mim… Ah! E dos gatos e gatas, que aqui somam muito!