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Retrato falado de Sérgio Murilo

Poeta laureado e jornalista, nosso entrevistado vive discretamente e retirado, sem atuação visível na vida cultural da cidade, apesar do seu talento poético. Dir-se-ia que vive apenas para o trabalho jornalístico. Não tem publicado livros ou participado de movimentgos culturais.

*Franklin Jorge

Quando nasceu?

Em dezembro de 1963.

Onde?

Nasci numa aba da serra de Santana, em Coronel Ezequiel

Como se chamam seus pais?

Manoel Andrade de Farias, funcionário público federal (cuidava dos Correios) e de Cleonice Marques de Farias, mulher muito recatada e devotada à casa e aos filhos

De onde são?

Meu pai é potiguar e minha mãe paraibana. Ambos têm suas raízes na região do Brejo Paraibano – Araruna, Areia, por ali.

O que você herdou do seu pai?

Do meu pai, herdei um profundo senso de honestidade, de respeito ao outro.

E de sua mãe?

[Não respondeu]

Dê-me fatos para esclarecimento de heranças.

Vivi minha infância entre o campo e a cidade (que a gente chamava de “rua”). Sítio Antas era o nome da nossa propriedade. 66 hectares de terreno íngreme, grotas, um riacho com pequenas cachoeiras. E a casa mágica dos meus avós: mãe Iaiá (que jurava ser uma fada velhinha porque amava e falava com bichos) e Pai do Sítio, Jose Marques de Melo. Professor autodidata, amante de Camões e Gonçalves Dias. Poeta de pé-quebrado (pra mim era o homem mais sabido do mundo). Devo a ele – e aos livros da Biblioteca Câmara Cascudo- que ficava ao lado dos correios, o meu apreço pela leitura e o eterno desejo de ouvir e contar boas histórias. Por isso virei jornalista e depois repórter de tv. O formato audiovisual das reportagens permitiu mais liberdade com o texto.

Quem é você?

[Não respondeu]

Mais fatos.

Um passeio pelo Alecrim, acompanhando a poetisa Adélia Prado, que se tornou uma das maiores emoções de minha vida.

Quando saiu de sua terra?

Vim pra natal pré-adolescente. Final dos anos setenta. Morávamos numa vila de poucas casas no bairro do Alecrim. Foi um choque. Detestava tudo. Contava no calendário os dias de voltar pro interior nas férias escolares. Só com o tempo, aprendi a gostar da cidade.

E sua infância?

Infância no interior, era algo absolutamente precioso: andar no mato, esperar a cheia do rio, descobrir ninhos de passarinho, andar de bicicleta, comer no pé a fruta da época (caju, manga, umbu, araticum, goiaba, araçá…). E ser amigo de todos os meninos, estudar na mesma escola, brincar junto. O conceito de classe social, era algo completamente desconhecido pra mim

Como brincava?

[Não respondeu]

Que coisas tem feito?

Em resumo é isso.