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Retrato falado de Vicente Vitoriano

Professor aposentado do Departamento de Artes da UFRN. Escritor, músico, poeta, conheci Vicente atuando no teatro, e Mossoró e, levado pela curiosidade, o visitei, uma tarde, em sua casa à Rua Juvenal Lamartine. Através dele conheci Joseph Boulier, que se tornariam meus primeiros amigos mossoroenses. Promovia primeira exposição em Natal, aliás uma coletiva da qual participei juntamente com Gerson Luís Cabral. Lá se vão quase 50 anos… Nunca, em todo esse tempo nos desentendemos.

*Franklin Jorge

Quando nasceu?

Primeiro de junho de 1954.

Onde?

Em Mossoró, Rio Grande do Norte.

Como se chamam seus pais?

José Victor de Carvalho e Maria de Lourdes Marques.

De onde são?

Meu pai, de Mossoró; minha mãe de Castanhal, Pará.

Quem é você?

Quando adolescentes, eu e amigos costumávamos nos definir como “bichos estranhos”.

O que herdou de seu pai?

Creio que, principalmente e em geral, um senso de ordenação das coisas, no tempo e no espaço. Creio, também, que já perdi um pouco disto.

E de sua mãe?

A disponibilidade para as pessoas e, em certa medida, uma calma e introspecção desconcertantes.

Dê-me fatos para esclarecimento de heranças.

Meu pai havia sido marceneiro e até comerciante de madeira, do que não lembro bem. Mesmo com baixa escolaridade, ele se tornou contador fiscal e eu gostava de vê-lo preencher as planilhas com uma letra maravilhosa. Minha mãe acolhia muito bem os parentes que chegavam a morar algum tempo conosco. Sempre tínhamos agregados em casa e ela os tratava como fazia com os filhos.

E sua infância?

Só lembro de coisas boas. Até uma ou outra má se tornou feliz com o passar do tempo.

Como brincava?

Brincava muito, inclusive sozinho. Mas gostava muito, mesmo, era de observar os adultos trabalhando: da costura e dos bordados de minhas irmãs aos retoques de fotografias no estúdio do Manuelito. Também era brincadeira penetrar nas fábricas de cera de carnaúba, de cordas, de móveis, de redes… refinarias de sal, ferrarias, padarias, tipografias… Não lembro de ter brinquedos comprados, de modo que foi muito motivador ganhar uma caixa de jogos de mesa ou cadernos de desenho e lápis de cor. Os brinquedos eram improvisados, alguns fabricados por minha mãe como bola de meia, tambores… acho que só um livro para falar de minha infância.

Quando deixou sua terra?

Vim para Natal em 1974 para a Universidade, cursar arquitetura e urbanismo.

Que coisas tem feito?

Algum desenho ou pintura. Nada que me agrade.

Mais fatos.

[Não respondeu]