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Superman: A Glória Maior da Criação Quadrinhística, de Siegel e… Keaton?

Em seu artigo de estreia para a Navegos, Edek Kowalewski, quadrinhista potiguar, do canal A Voz do Gibi, nos apresenta uma versão desconhecida do maior e mais glorioso personagem das histórias em quadrinhos! Sabemos que foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster… Então o que o nome Keaton está fazendo no título?

Edek Kowalewski

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Saudações aos leitores da Navegos. Vocês devem me conhecer do canal A Voz do Gibi. Estou aqui a convite de Alexsandro Alves para escrever matérias sobre quadrinhos. Então, para iniciar minha estreia nesta honrada revista eletrônica, acho justo falar sobre as raízes de um dos maiores ícones da DC, aquele que ganhou o epíteto de Homem de Aço. Criado por dois humildes judeus que lutavam para sobreviver durante a Grande Depressão dos anos 1930, Superman é um dos maiores personagens da cultura popular. Como sabemos, a primeira aparição oficial do Superman foi em Action Comics #1, que começou a circular nas bancas americanas em abril de 1938 (a data da capa é de junho, quando as revistas eram retiradas das bancas). Se você acompanha o canal Voz do Gibi, sabe que o primeiro personagem que a dupla Jerry Siegel e Joe Shuster batizaram como Superman foi um vilão em um conto de ficção científica. Um sem-teto chamado Bill Dunn, que ganhou grandes poderes mentais e fez mau uso deles.

Esse conto foi publicado num fanzine de ficção científica em 1933, mas nosso Superman oficial só deu as caras oficialmente em 1938. No entanto, é preciso lembrar que, para chegar de um ponto a outro, é necessário percorrer todo o espaço intermediário, ao contrário da teleportação. Entre o Superman da fila do pão e o grande herói, houve mais um protótipo. Documentos encontrados entre os pertences do falecido Jerry Siegel mostram que uma de suas tentativas de lançar o Superman como um herói foi com outro desenhista que não era Joe Shuster. Russel Keaton já era um desenhista de renome e podemos ver aqui que seu estilo era mais elaborado do que o de Shuster. Em 1934, Siegel e Keaton pretendiam lançar sua tira do Superman nos jornais, no entanto, como sabemos, todos os grandes jornais da época rejeitaram a ideia do Superman.

Essa versão do personagem tinha algumas diferenças em relação ao cânone oficial, mas muito da essência do personagem já estava ali. Só conhecemos a existência do casal Kent um ano após o debut oficial do Superman em 1938, mas essa história de 1934 já mostra o casal Kent, embora com nomes diferentes: Sam e Molly Kent. O nome do pai biológico de Clark nessa versão é desconhecido, sendo apenas descrito como o último homem da Terra que enviou seu filho para se salvar. Isso mesmo, nessa versão, já é estabelecida a identidade secreta de Superman como Clark Kent, mas ele não veio de Krypton, e sim do futuro. A nave que trouxe Clark até 1935 era uma máquina do tempo. Junto com a máquina, havia um bilhete escrito em uma língua do futuro que o jovem Clark Kent ainda não conseguia ler e continuou sem entender quando se tornou adulto.

Temos a oportunidade de conhecer um pouco da juventude de Clark Kent. Com apenas três anos de idade, ele já conseguia fazer coisas sobre-humanas e deu uma bela lição em um valentão que quebrou seu trenzinho elétrico. A narrativa prossegue depois que o casal Kent morre e o agora adulto Clark confronta um ladrão tolo o suficiente para invadir sua casa. Como um homem do futuro, evoluído milhões de anos à frente de nossa espécie, essa versão do Superman poderia verdadeiramente merecer um de seus epítetos não tão utilizados no Brasil: o Homem do Amanhã. Faço um paralelo com Action Comics #1, onde é brevemente mencionado que essa seria a verdadeira fonte dos poderes do Superman: a evolução. Sua raça era milhões de vezes mais avançada do que os seres humanos.

Assim como vocês, leitores, também me pergunto como teria sido toda a trajetória do Superman se essa primeira origem tivesse sido considerada.