*Franklin Jorge
É sabido que a população envelhece a cada dia. Daqui a 20 anos, o Brasil terá mais idosos que crianças e uma população de 228 milhões de habitantes, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Estatística. Mas, apesar disto, não há nenhuma – ou aparentemente quase nenhuma – política de governo que nos assegure uma vida digna.
Hoje, quem, envelhece, mal consegue andar por ruas esburacadas e calçadas danificadas. Sequer há normas para a uniformização das calçadas, cada um fazendo a sua ou deixando de fazê-las a bel-prazer, sem sofrer consequências por seu descaso.
Andar pelas ruas de Natal, mesmo as do Centro da cidade ou de importantes avenidas como a Salgado Filho e Prudente de Morais, das mais conhecidas e vistosas, constitui uma aventura perigosa e um atentado à integridade física de uma vasta e desprotegida população acossada por maus gestores.
Além disto, muitos precisam e precisarão de cuidados especiais e específicos que não despertam a atenção de parlamentares e governantes, que muito conversam e nada fazem, todos eles assoberbados por seus próprios interesses, como manter entre as mãos as rédeas do poder e um povo inteiro submetido às suas peculiaridades vontadosas.
Já tivemos um ex-presidente socialista fabiano (Fernando Henrique Cardoso), velho e rico, que nos chamou de “vagabundos”, ou a ver-nos como uma legião de imprestáveis a consumir insaciavelmente os recursos da nação, em aposentadorias, pensões e benefícios que lhe pareciam exorbitantes.
Não preocupa nem interessa a quem detém o poder, cuidar de idosos, vítimas, a um tempo, de maus governantes e parlamentares, quando não da própria família que lhes sugam até o último alento de vida. Alguns chegam a ser confinados em quartinhos de empregada em sua própria casa, como aconteceu em aqui em Natal com a mãe de um ex-governador que acabou curtindo uma longa cadeia por corrupção e desvio de recursos públicos.
Que esperar de governantes e parlamentares que veem os idosos como um problema complexo e insolúvel, ou meros trastes que procuram impiedosamente descartar como lixo humano?