*Abraão Gustavo
A piada já está pronta. Em Natal, a cidade do sol, estamos chegando às temperaturas de quase quarenta graus, os shoppings centers e comerciantes de lojas se preparam para entrar no clima natalino. Particularmente, amo essa data, porque sou fã de panetone; acho que uma combinação perfeita é panetone e café. Mas em contrapartida e deixando de lado meu espírito natalino narcisista, penso no papai Noel e chego à conclusão de que nunca fui fã de um velho barrigudo que se veste de vermelho, que coloca criancinhas no colo para tirar fotos para Instagram e pega presentes em um saco.
Mas não quero suscitar o ódio dos trabalhadores velhos e brancos, barrigudos que, com muito carinho, deixam sua barba crescer o ano inteiro para fazer a alegria da criançada nessa data. Longe de mim tal coisa. E desejo informá-los que segundo o jornal a Tribuna, nessas últimas semanas, vamos chegar a quase quarenta graus. A sorte deles é que quem trabalha no shopping está com ar-condicionado ligado. Agora, penso naqueles que vão trabalhar na rua, no sol quente, de roupa, chapéu, bota, ainda carregando um saco vermelho cheio de baganas nas costas em porta de loja.
Ajudem os Papais Noéis, sejam generosos com eles. Por trás daquele personagem anacrônico existe um trabalhador que quer ganhar seus sessenta reais, para, muitas das vezes, ter o que comer em casa. Mas faço um apelo: será que não poderíamos mudar as regras natalinas? Com quem falamos para reivindicar os direitos dos Papais Noéis? Vamos criar um Papai Noel mais ambientado com a nossa cidade tropical, de bermuda e chinelo em vez de uma calça ridícula vermelha, par de botas e cinto de fivela dourada. No lugar de um saco de baganas, uma sacola feita de crochê, mais praiana e mais moderna; no lugar de balas, pirulitos, caminhões e bonecas de plástico, poderíamos ter kits de maquiagem ou ingressos para o show de Djavan.
Não sou contra o Natal, vamos pensar nos senhores de idade que têm problemas de pressão alta, que usam roupas quentes em uma cidade maravilhosa. Mas, como diz o povo: “Aqui existe um sol para cada pessoa”. Se eles se submetem a esse papel, acredito que é para fazer alegria de todos. Vamos ter mais criatividade: no lugar de um pinheiro, por que não um coqueiro? Aliás, quarenta graus combinam com água de coco, cerveja e picolé.
Bom, está aberto o protesto. Vamos ajudar nossos amigos trabalhadores, e acredito que o Papai Noel em vez de vir de trenó, ou jogar presentes pela chaminé, na noite de Natal, vai vir de moto entregar uma pizza lá em casa, metade calabresa e metade portuguesa, para matar a fome de um pessoal.
Gol, gol, gol, Feliz Natal.