*Franklin Jorge
.Do artista apressado que não se detém nas minúcias de sua arte. Minha avó respondia com Shakespeare – que o tinha em estoque por previdência e gosto -, sempre providencial e acessível.
Ora, os artistas que querem fazer muito, por ambição a habilidade estragam. Preparemo-nos, encoraja-nos o velho bardo! Quem altos montes galga, de começo progride muito, ao ter a terra a seus pés.
O artista sabe por intuição que a arte, como uma megera rilhenta, acossa o criador. Seus nadas sempre têm prólogos longos.
.A precisão com que os antigos se apresentavam! “Um homem velho como a criação”. Creio ser desnecessário acrescentar ou extrair uma vírgula sem incorrer em violência contra a concisão que devemos ter em alta conta. Os nomes, ornados de tradição cristã, tinham fundamento linguístico e etimológico que não nos faziam passar vergonha. Éramos mais razoavelmente medíocres.
.O suicídio de um grande escritor, tema caro a Cascudo.
Petrônio. Raul Pompeia. Hugo de Carvalho Ramos. Florbela Espanca.
O Atheneu, como um desses livros vingadores, consagra o seu autor, apesar de sua advocacia do tirano Floriano Peixoto, na presidência de seus rancores. Um ser demoníaco, segundo o retrato que lhe faz o padre João Manuel, político inflamado, fazendo do jornal tribuna e tribunal. Não tinha Floriano em boa conta.