*Antenor Laurentino Ramos
É lamentável que a visita do poeta Thiago de Mello tenha sido tão rápida em Natal. Abrilhantou o Dia da Poesia, mas deixou entre nós um gostinho de quero mais. Talvez que a fragilidade de sua saúde tenha contribuído para tal.
Com uma permanência mais longa, bem que poderíamos ter sabido mais de suas viagens no mundo da inteligência. Pouco se tem falado de, por exemplo, de sua vinda à região do Ceará-Mirim, ele e Odilon Ribeiro Coutinho a acompanharem o grande romancista paraibano José Lins do Rego, magnífico autor de Fogo Morto. Em nossa província potiguar, a impressão que se tem é de que nada disso aconteceu. A memória é muito pouco guardada no Rio Grande do Norte, e quando se festeja um fato literário por aqui, o barulho é grande, mas só fica nisso. Apelamos portanto, para o nosso Franklin Jorge, biógrafo daquele terra açucareira, a fim de que nos seja possível saber mais sobre a presença desse três grandes vultos no solo de Poti. Seria tão bom um relato desse memorável encontro. Infelizmente, caiu no esquecimento.
Fala-se muito sobre Mário de Andrade em Pedro Velho a pesquisar as raízes da tradicional Dança do coco. E por que não José Lins do Rego? Thiago e Odilon, companheiros inseparáveis e constantes do romancista dos engenhos teriam na certa, contribuído para que muitos soubéssemos sobre esse fato notável. Com a visita do grande poeta nortista a Natal, a lembrança disso nos chega. Quem sabe se os filhos de Ceará-Mirim e entre eles destaca-se Franklin Jorge, pensassem em realizar um estudo a esse respeito? Um seminário tendo como foco a obra literária de José Lins do Rego, Odilon Ribeiro Coutinho e Thiago de Mello viriam muito bem a calhar. Ceará-Mirim e o Rio Grande do Norte, por inteiro, só teriam a ganhar. Fica aqui registrada a nossa sugestão.