*Marina Tsvietáieva
Uma nota essencial: nem Byron nem Mayakovsky usam sua lira poética para a glória, ambos usam suas vidas privadas, lixo. Byron deseja glória? Compra uma jaula de animal silvestre, muda-se para a casa de Rafael, quem sabe , vai para a Grécia… Maiakosvki quer glória? Ela veste uma blusa amarela e escolhe uma cerca como plano de fundo.
O escandaloso da vida privada de boa parte dos poetas é apenas a purificação da outra vida: para que aí haja pureza.
Na vida — sujeira; no caderno — pureza. Na vida — agitação; no caderno — silêncio. (O oceano, mesmo durante a tempestade, dá a impressão de quietude. O oceano, mesmo quando calmo, dá a impressão de trabalho. O primeiro é – um observador em ação. O segundo – um trabalhador em repouso. Em todas as formas de força , o silêncio e o trabalho coexistem incessantemente. A paz que cada forma de força derrama sobre nós nos acalma por causa dela: Este é o oceano. Esta é a floresta. Este é o poeta. Cada poeta é um oceano Pacífico).
Desmorona-se assim claramente um lugar-comum: na poesia tudo é permitido. Não, precisamente na poesia – nada. Na vida privada – tudo.
Marina Tsvietáieva