*Franklin Jorge
Marcelus Bob não somente o pai de Lennon Lie. É um artista dotado de extraordinária argúcia e lucidez que o faz, mais enxergar longe, analisar o que está perto; ou seja, as causas de nossas agruras.
Creio que pode ser incluído entre os chamados “artistas vingadores”, aqueles que se colocam contra o poder e o totalitarismo e, ao fazê-lo, arma sentinelas em defesa de todos. Não é um egoísta, mas alguém que percebe e toma partido dos que sofrem açoites e são consumidos pela humilhação.
Talvez isto explique a ausência de suas obras das coleções públicas, que aqui, aliás, são raras; raríssimas. Nossos museus esperam viver de doações dos artistas, não fazem a sua parte. E, quando o fazem, não é pela arte, mas por força do compadrismo, da camaradagem, da comparsaria.
Dominado por uma energia criadora e destrutiva, sua obra dispersa e em processo, contém o germe da insurreição e do descontentamento, constitui um capítulo visceral da nossa ainda incipiente história da arte.
É, sem dúvida, dos criadores mais importantes de sua geração, sempre a vindicar pela grandeza da nossa cultura. está presente nos três volumes de meu livro O spleen de Natal.