*Abraão Gustavo
“Quando morre um artista, um filósofo, um escritor, não apenas vai embora a pessoa dele, morre consigo todo uma gama de conhecimento do seu tempo.”
Acordei com a notícia estampada nas redes sociais:
“Jô morreu”
A primeira reação foi pensar o quanto meu país perdia. Não é fácil acordar e saber que um filósofo ou um artista veio a óbito. E agora? O que vamos ter no lugar? Nossa geração produz informações como dancinhas do TikTok, músicas com letras eróticas, pessoas mimadas pelo luxo e fama. E agora, José? Enquanto nos anos cinquenta, tínhamos um grupo de artistas que usavam os meios de comunicação para difundir suas ideias, suas artes, suas pinturas, seus ideais. Me recordo até de uns livrinhos que achei no sebo esses dias que se chamava “Para gostar de ler”. Dentro, você tinha a presença de cronistas como Carlos Drummond de Andrade, Otto de Lara Rezende, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Rubem Braga, Clarice Lispector, outros como Millôr Fernandes, ademais de um enorme número de artistas e intelectuais que nos trazia a luz de conhecimentos formidáveis. E agora, José? Para consolo, ficamos com seus livros e entrevistas pelo Youtube? E agora, José? Quem vai nos dizer o famoso chavão:
“Um beijo do gordo, wow”?
Oremos e rezamos pela alma desse grande artista brasileiro, o Brasil está de luto não apenas pela morte do Jô, mas pelo assassinato diário de nossa arte que vem morrendo todos os dias. Quando deixamos de lado a leitura de bons livros, por ver a vida alheia no Instagram, por valorizar mais o mundo de vídeos curtos do que uma arte reflexiva e que pode mudar o rumo das coisas. E perdoe pela curta crônica. Se você chegou ao final dela, acredito que você entendeu o recado.