*Abraão Gustavo
Resolvi, como dizia João do Rio, “flanar” em Goiânia na minha folga. Escolhi a praça Cívica para isso e encontrei muitos transeuntes e seus diversos trabalhos, funcionários municipais, varredores de rua, lojistas, policiais, vendedores ambulantes. Passei por um coreto branco e vi crianças brincando em cima do monumento central da praça, o qual descobri se chamar as Três Raças, informação essa que obtive na internet. Sobre os olhares da casa verde estavam três bandeiras enormes. Uma do Brasil, outra do Estado de Goiás e a outra da cidade de Goiânia. A princípio, muito curioso, resolvi me aproximar. Quem me recebe com seu olhar sereno de ferro? A estátua Pedro Ludovico. Embaixo dela havia alguns dizerem escritos, mas o que mais me chamou atenção foi a frase:
“Para imortalidade”
Caminhei em direção à casa, do lado direito vi uma lanchonete e do outro também tinha outra lanchonete. Me aproximei da escadaria da grande casa, próximo a estatua havia uma piscina e uma mangueira de água, atrás do monumento, alguns minutos um moço de idade madura me aborda e pergunta:
“Posso continuar o meu serviço?”
Com o ar de riso, como quem queria ser notado. Então me passou a ideia rápida na cabeça: e se Ludovico me visse ali atrapalhando o moço? Eu mais desorientado, puxei assunto com o tio da piscina e perguntei: qual o nome deste lugar? Ele disse:
“Aqui, jovem, é a casa do Governador”
Falei: meu Deus, eu estou atrapalhando tudo aqui. Fiz uma pesquisa rápida no Google e vi, na Wikipédia, a data de morte do ex-governador, dia 16 de agosto de 1979. Continuei a pesquisa e vi que ali se chamava Palácio das Esmeraldas, observei a arquitetura, que era de Attilio Corrêa Lima baseada em Art déco. Achei engraçado esse nome, pensei comigo o quanto os estrangeiros colocam nomes nas coisas. Mas gostei do nome e usaria em uma conversa de boteco no setor Bueno. E bem próximo dali vi um prédio que imaginei que fosse Art déco também, descobri que naquele prédio, apesar de inúmeras atividades, tem uma exposição sobre Goiânia, duas bibliotecas muito boas e um cinema que roda filmes cult, que inclusive sempre é anunciado neste jornal. Fiquei besta, porque era tudo que eu precisava para me aprofundar mais na história desta cidade tão desconhecida para mim. Quando tomei um carro para ir para casa, perguntei para o motorista do aplicativo:
“Moço, aquele outro prédio próximo onde estávamos também é Art déco?”
Ele me olhou com uma cara, como se eu tivesse xingado um palavrão, e continuou a dirigir.