Maurício Blanchot
Um livro, mesmo um livro fragmentário, tem um centro que o atrai: um centro não fixo que se move devido à pressão do livro e às circunstâncias de sua composição. Também um centro fixo, que se move se for verdadeiro, que permanece o mesmo e se torna cada vez mais central, mais oculto, mais incerto e mais imperioso. Quem escreve o livro, escreve-o por desejo, por ignorância deste centro. A sensação de tê-lo tocado pode muito bem ser apenas a ilusão de tê-lo alcançado; quando se trata de um livro de ensaios, há uma certa fidelidade metódica em esclarecer para onde o livro parece estar indo; aqui, para as páginas intituladas “O olhar de Orfeu”.
Maurício Blanchot
O espaço literário