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Um livro seminal da nossa Modernidade

Disfarçados, romance à clef expõe a alta burguesia natalense remanescente da Belle Époque. Dir-se-ia que o seu autor flagrou os homens bons disfarçados, gozando a boa vida e o dolce far niente.Uma obra seminal da nossa Modernidade

*Franklin Jorge

É o livro de um apedrejador. De alguém, do rebanho, que se insurge de maneira muito civilizada. Contundente, contudo.

Lucas da Costa, homem culto e elegante, escreveu a crônica privada de maneira irrespondível, sobre a qual se fez silencio.

Conhecemo-nos como o “tio de um sobrinho que mantém o seu nome vivo”.

Um livro chocante que pegou calada e deixou muda a sociedade do seu tempo. A sociedade civil e patronal. A saborear o Porto após o jantar.

É bom morrer assim filosofando.

Já teve umas duas edições post-mortem.

Está a exigir uma reportagem investigativa. Uma pesquisa aprofundada.

Perdeu-se agora, em Rossini Quintas Perez, uma grande testemunha ocular da história.

Podia ter aclarado muitas sombras.

Como Dona Nati, a embrulhar-nos uma época para presente. Ninguém, melhor do que ela, para nos dar a embalagem e o recheio de uma cidade. Conheceu tudo de primeira mão, viu Sainte-Éxupéry no Café Canjica, rebatizado pelo povo da Ribeira e Santos Reis. Ainda, menina, participou da Festa da Santa Cruz da Bica, que desapareceu, mas pode render como memória dessa tradição.

A poesia modernista de Esmeraldo Siqueira, escavando a tradição.

Flebas arrependido. O soldado morto e ressuscitado.

As coisas que salvamos.