*Franklin Jorge
Aludi em um texto anterior, aqui publicado sob o mesmo título, enfocando a maneira como o Governo do Estado trata a cultura, através as ingerências da Fundação José Augusto e de sua interminável reserva de gestores ineptos, arrogantes, vaidosos, despreparados e cheios de ideias novas, embora desprevenidos para a realidade de um segmento, antes do governo Aluízio Alves, ignorado e desconhecido e, após a cassação de seu mandato pelos militares, menosprezado, subestimado, desconhecido e ignorado a cada governança, sucessivamente.
Antigamente sua presidência era ocupada por indivíduos de renome profissional em âmbito humanístico, na advocacia, na educação, no jornalismo, nas letras. Foi um tempo bom e produtivo que prosseguiu no governo Monsenhor Walfredo Gurgel, que construiu a Biblioteca Pública Luís da Câmara Cascudo e a agregou ao patrimônio da FJA, em prédio moderno [para a época], equipada e de amplo acervo plural e multifacetado que em 1966 frequentei todos os dias, em três expedientes, pesquisando, levando livros emprestados, três de cada vez; geralmente, dois de poesia e um em boa prosa. Intuitivamente, já era um leitor dinâmico antes da leitura dinâmica.
Depois, o que se popularizou, essa caterva de gestores ineptos que todos hão de ter visto brincando no pastoril cultural que nos [des]anima. Mon Dieu! É Natal! Não há tal! Tivemos, a partir do condomínio plantado pela família Maia, essa completa e crescente desordem legada pelos governos de Rosalba Ciarlini e Robinson Faria, que entregou o cargo ao estrupício atual.
Em cinco décadas após, a FJA tornou-se o que é: o picadeiro de uma exibição mambembe que se repete a cada governante em sua mesmice. Como foda de velho, diria Rocas-Quintas, que não goza nem sai de cima.
E assim caminha e sobrevive a cultura potiguar, desde que foi descoberta e abusada.