*Franklin Jorge
Certa vez telefonou-me o Presidente da Seção Local da União Brasileira de Escritores, o poeta Eduardo Gosson, para preencher uma lacuna. A elaboração de um Memorial da UBE/RN, desde a sua fundação no século passado, desaparecimento sem registro a sua refundação 20 anos depois, em cujo pleito foi eleito Presidente o Bispo Dom Nivaldo Monte. Disse, constatamos que foi Vice-Presidente na Chapa de Racine Santos, que confiscou o Livro de Atas e nunca convocou nenhuma Reunião ou Assembleia. Bem, apesar de ser você um discípulo e, por muitos, considerado a representação local de Olavo de Carvalho, pensador da ultradireita, achamos por bem Jorge [x] e eu, ouvi-lo em um depoimento sobre a UBE e a Cultura do nosso tempo.
Não me lembro mais como me senti, ao ouvir a voz cordial da Literatura Potiguar, representada por um Colegiado, para mim, em grande parte composto por desconhecidos. Recusei a entrevista, talvez abruptamente, num rompante, do qual logo me arrependi, mas não senti como elogio aquele apesar de ultradireitista que não me cheirou bem. Faltou-me o ar que respiramos, senti-me depois um tolo.
Também me surpreendi com a ressalva, sobretudo ao pensar que falava com o Chefe de Gabinete de Desembargador, seu tio. Sedutor incorrigível, amava as mulheres maduras. A propósito, somente depois dessa conversa noturna passei a deter-me e a prestar atenção às ideias de Olavo de Carvalho, formador de uma juventude esclarecida, apta a pensar com os seus próprios valores.
Nossos encontros se tornaram, depois de um longo tempo, cada vez mais esporádicos, pois a extrema idade chegou para cada. O revi após alguns anos, na esquina da Avenida Rio Branco com a Ulisses Caldas…