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Uma noite a mais

Saciar a volúpia ardente que sobeja na carne em qualquer idade sempre será a arte mais desejável. A escrita, e qualquer outra atividade, precisa gerar essa descarga e sempre desferi-la contra nosso corpo.

*Calle del Orco

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Para mim, escrever faz parte da minha paixão: até escrevo artigos de jornal em estado libidinal. Não faço distinção entre energia amorosa e artística, elas nascem do mesmo lugar. Escrever, amar e brincar para mim são a mesma coisa; de qualquer forma, o importante é a concentração, a intensidade que os três têm. Atividades levadas ao limite. Concordo com Antonio Machado, que disse: “A inteligência não escreve bons versos.” Mas quando tenho que escolher, e isso, felizmente, não acontece com muita frequência, escolho a paixão do amor. Sei que será um grande incentivo para escrever, então não perco nada. E se eu perdesse alguma coisa, não me importaria. Se me oferecessem o Prêmio Nobel ou uma noite de amor, escolheria mais uma noite, mas talvez seja porque não sou mais tão jovem e, como Fausto, anseio pela oportunidade de dizer: “Parem por um instante, vocês são tão bonitos.”

 

Cristina Peri Rossi

«Palavras como fetiches»

Entrevista com a escritora Reina Roffé

Editora: Point of View

 

A escritora